Sucessivas pesquisas de intenção de voto atestam, na realidade de hoje, o favoritismo da
candidatura à reeleição do presidente Lula. Este fato positivo, todavia, não pode levar o
campo democrático e progressista ao erro crasso do “já ganhou”. Os efeitos alucinógenos
da euforia poderiam induzir a esquerda a ser negligente em relação à ampliação das alianças
e até mesmo a descuidar da elaboração de um programa que aponte o desenvolvimento
acelerado, com geração de emprego e distribuição de renda como o compromisso maior e a razão de ser de um novo mandato presidencial para as forças avançadas.

Uma nova vitória de Lula é necessária, provável e possível. Contudo, não é correto subestimar
a direita neoliberal, devido à força a ela proporcionada pelos poderosos interesses que representa. A mensagem ilusória de uma vitória fácil desarma o eleitorado e a militância política progressista.
Por isso, o povo brasileiro espera da esquerda, sobretudo do Partido dos Trabalhadores – principal legenda da aliança – que se coloque à altura dos desafios e demonstre ter aprendido com os erros.

Em termos concretos, na esfera das alianças impõe-se a concretização de uma frente democrática, patriótica, popular liderada pela esquerda que conquiste o PMDB ou a maior parte dele. Uma frente regida pelo princípio de que todas as legendas coligadas devem se fortalecer e não apenas esta e aquela. Baliza essa refratária ao denominado “salto alto”, ou seja, a concepções exclusivistas, arrogantes e sectárias.

Outra questão tão decisiva quanto a das alianças: a base para se erguer uma frente que agregue
uma indispensável maioria social e política para vencer as eleições e governar é o programa de governo – a plataforma política da campanha de reeleição do presidente Lula. Nesse sentido, embora seja valioso o conjunto de dados que demonstra a superioridade do governo Lula, em todos os terrenos – em relação ao desastroso reinado de FHC – o programa deve, sobretudo, descortinar o horizonte e a perspectiva.

A candidatura de Alckmin conforme percebe que o desenvolvimento é o grande anseio da nação, demagogicamente, lança um programa de governo centrado nesta questão. O PSDB e o PFL – cujo governo lançou as finanças do país à beira da insolvência, desnacionalizou e emperrou a economia e privatizou empresas estratégicas – têm a insolência de, agora, prometer ao país “um nível de crescimento chinês”. Em relação às políticas sociais, embora reclame ao PSDB sua paternidade, essa candidatura proclama que dará continuidade, praticamente, a todos os programas do governo Lula. Alckmin também ataca a diretriz da política externa de promover a integração da América Latina e valorizar as relações Sul-Sul. Neste ponto, escancara sua subserviência explícita aos Estados Unidos da América. Quanto aos movimentos sociais, ergue punho advertindo que serão tratadoscom “os rigores da Lei”.

Essa demagogia tucana precisa ser desmascarada com a denúncia do desastre que foi o governo
FHC. E será derrotada nas urnas à medida que o presidente Lula – que preparou o Brasil para o
crescimento – apresente ao povo uma mensagem clara e nítida de que, caso vitorioso, o segundo governo da frente política por ele liderada tornará realidade um projeto nacional de desenvolvimento com abundante produção de riqueza e eficaz política de geração de emprego e distribuição de renda. Projeto assentado na democracia, na soberania nacional e na integração regional e implementado por um Estado atuante e fortalecido.

Essa perspectiva de que o quadriênio 2007-2011 será a abertura de um ciclo de crescimento econômico sustentado e duradouro com elevação da qualidade de vida do povo é a mensagem que pode ganhar a confiança do povo e assegurar uma nova vitória das forças progressistas e avançadas.

EDIÇÃO 85, JUNHO, 2006, PÁGINAS 3