Pertenço
a uma raça ameaçada
de mulheres
de outra geração
e o que nos une
é a fraternidade
da desgraça.

Poetas filhas de Caim
(que teve um pai
desaforado
e sectário)

Fomos tecendo
inúteis mortalhas
com bordados turcos
e pontos russos
para enfeitar os nossos espantalhos.

Uma raça de poetas
brasileiras
sem editora e sem fama
(até sem cama),
uma tonteira,

Uma raça amordaçada
de mulheres
quarentonas
nascidas em
mil novecentos e Pearl Habor
como Kátia e Astrid e tantas,
e Lourdes hortas que plantamos,
mas ficamos no interstício,
no intervalo sem ter,
só desejando.

Safo
entre as suas companheiras de poesia
preparando, no interstício,
a nova
Safra.

 

Yêda Schmaltz – Baco e Anas Brasileiras
Editora achiamé