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    Comunicação

    Cronistas dos séculos que hão de vir

    Cronistas dos séculos que hão-de vir, Venham, vou fazer-vos entender o que está sob minha impassibilida- de, dizer-vos o que há a dizer a meu respeito, Publiquem o meu nome e pendurem o meu retrato como o do amante mais tenro, O retrato do amante, do amigo, de quem o eu amigo era o amante […]

    POR: Walt Whitman

    2 min de leitura

    Cronistas dos séculos que hão-de vir,
    Venham, vou fazer-vos entender o que está sob minha impassibilida-
    de, dizer-vos o que há a dizer a meu respeito,
    Publiquem o meu nome e pendurem o meu retrato como o do amante
    mais tenro,
    O retrato do amante, do amigo, de quem o eu amigo era o amante mais
    dedicado,
    Que não estava orgulhoso das suas canções, mas do imenso oceano
    de amor dentro de si, que espontaneamente se derre-
    mava,
    Que muitas vezes caminha só, recordando os amigos queridos, os
    seus amantes,
    Que, pensativo, longe daquele que amava, muitos vezes, passou muitas
    noites sem dormir, triste,
    Que conheceu demasiado bem o doentio medo, receando que aquele que
    amava lhe fosse secretamente indiferente,
    Cujos dias mais felizes foram passados longe nos campos, nos bosques,
    nos montes, ele e um outro vagueando de mãos dadas,
    os dois isolados dos outros homens,
    Que muitas vezes enquanto vagueava pelas ruas apoiava o braço no om-
    bro do seu amigo, enquanto o braço deste se apoiava
    igualmente no seu.

     

     

    Folhas de Erva – Leaves of Grass – Vol. I – Walt Whitman
    Tradução completa incluindo os anexos e poemas póstumos de Maria de Lourdes Guimarães.
    Prefácio de Fernando Guimarães
    Editora Relógio D’Água – edição 2002.