Barris de óleo e sangue
-Alguns milhares de barris de sangue,
Bem valem os milhões de barris
De petróleo iraquiano…
Assim, da sacada da Casa Branca,
Tomando um uísque, calcula o tirano.
-Para viver em paz,
Temos que abdicar do nosso território,
De nossas oliveiras, de nossos rebanhos?
Andando entre escombros, põe-se a perguntar
Um menino palestino.
–Sim, de cima de seu cavalo, no Texas,
Berra, o tirano.
-Para viver em paz, (indagam as nações)
Temos que entregar nossas riquezas, abdicar
De nossa cultura, de nossa fé?
A vida só nos é permitida no cimo das montanhas,
No gelo dos pólos, no fundo do mar,
Nas dunas do deserto?
–Decerto… diplomaticamente, responde o tirano.
Então, um homem bem intencionado e
Alquebrado com tantas guerras
Apresenta, uma última proposta
Ao Conselho de Segurança da ONU:
Nos cedam ônibus espaciais
Nós, o restante dos povos, vamos viver no espaço
sideral…
Fique você, tirano ianque, com todo o planeta.
E fique tranqüilo, não vamos para a Lua
Já que você a tem, também, como sua.
–Não… grita o tirano,
Se vocês partem,
Quem serão os nossos escravos?
Quem serão os alvos dos nossos canhões?
Adalberto Monteiro
As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
Editora Anita Garibaldi – edição 2006
Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).