“Neoliberalismo não é tão ruim assim”, com essa frase um amigo começou a fumar um baseado enrolado com um pedaço de jornal em que estava escrito: “Novo trunfo do neoliberalismo”. Eu, particularmente, não aconselho ninguém a enrolar um baseado com jornal, porque todo mundo sabe dos prejuízos que isso pode trazer a saúde, mas como o efeito pode ser retardado, o camarada ainda aparenta estar em bom estado, isso considerando que já fumou a noticia: “Políticas compensatórias são a porta de entrada para o novo milênio” e ainda toda a página da visita de Ronald Reagan ao Brasil.

      Bem, mas antes que pensem que estou fazendo apologia ao Neoliberalismo ou a maconha enrolada em noticia de jornal, deixo claro que ambos são perniciosos e destruidores dos tecidos físicos e sociais, e depois, nem é preciso dizer do mal que faz a tinta de jornal, é ou não e?

      Um outro amigo que não fuma maconha enrolada em jornal, pois usa um celofane especial vindo de Amsterdam, costuma dizer que o absurdo da modernidade é tão imenso que não vale a pena se contrapor frontalmente à tamanha estupidez, e melhor seria apostar na exacerbação do absurdo como forma de fazer brotar alguma consciência; achei interessante esse pensamento, depois lembrei da frase de um outro amigo que não fuma maconha enrolada em jornal nem em celofane e costuma dizer: “No Brasil as sutilezas têm que ser explicadas por legenda”, depois, pensei nas sutilezas, nas legendas, no neoliberalismo, na exacerbação do absurdo e nem sei mais o que pensei.