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    Comunicação

    Alemanha

    Que outros falem da sua vergonha eu falo da minha. Ó Alemanha, pálida mãe! Como apareces manchada Entre as nações. Entre os imundos Te destacas De teus filhos o mais pobre Jaz abatido. Quanto sua fome era grande Teus outros filhos Ergueram a mão contra ele. Isto ficou notório. Com as mãos assim erguidas Erguidas […]

    POR: Bertolt Brecht

    2 min de leitura

    Que outros falem da sua vergonha
    eu falo da minha.

    Ó Alemanha, pálida mãe!
    Como apareces manchada
    Entre as nações.
    Entre os imundos
    Te destacas

    De teus filhos o mais pobre
    Jaz abatido.
    Quanto sua fome era grande
    Teus outros filhos
    Ergueram a mão contra ele.
    Isto ficou notório.

    Com as mãos assim erguidas
    Erguidas contra seu irmão
    Passeiam insolentes à tua volta
    E riem na tua cara
    Isto é sabido.

    Em tua casa
    Grita-se alto a mentira
    Mas a verdade
    Tem que calar.
    Então é assim?

    Por que te louvam os opressores em roda, mas
    Os oprimidos te acusam?
    Os explorados
    Te apontam com o dedo, mas
    Os exploradores elogiam o sistema
    Engenhado em tua casa!

    E nisso te vêem todos
    Esconderes a barra do vestido, ensangüentada
    Do sangue do teu
    Melhor filho.

    Ouvindo as falas que vêm da tua casa, rimos.
    Mas quem te vê, corre a pegar a faca
    Como à vista de um facínora.

    Ó Alemanha, pálida mãe!
    Como te trataram teus filhos.
    Que assim apareces entre os povos
    Um escárnio e um pavor!

     

    Brecht Poemas 1913 – 1956
    Seleção e Tradução de Paulo César Souza
    3ª edição – Editora Brasiliense