A casa dos mortos
Deito
nesta casa de fantasmas
e espero a hora
uma mulher sorri
-por baixo dos óculos-
e oferece pão-de-ló
um outro morto
canta
ao canto da sala
cantigas antigas
ao longe um choro
e cheiro de maresia
é o amante marinheiro
que morreu no mar
e fraturou a alma da amada
que até hoje o espera
enquanto tece uma manta
com seus fios de cabelo
na varanda uma cadeira
range ossos
sentada uma mulher
( marrafa no cabelo
terço nas mãos )
embala a morte
e faz dormir a vida.