A Cherubino
1.
Amante amado amando-te
tenho lágrimas nos olhos
e sal no meu palato
mas não há hiato entre nós
que somos
calor calado no viver deixando
e quando te olho
vejo que és o sol
e cor que muda convidando à perda
no sulco que da ânsia se propaga.
2.
Lançadas as últimas flores
achamo-lo branco
este campo de germinações.
Há sempre estações de pranto
e estações em que o canto dos dias
muda o passado congelado.
E percorrer então os caminhos de musgo
unidos nos vapores-sudários
sabendo colher o sentido
de um dia perdido.
Tradução Ivo Barroso
Annalisa Cima
Hipóteses de Amor
Ateliê Editorial – edição 2002