Martin Wolf – ex-economista do Banco Mundial e colunista-sênior do influente diário da grande burguesia britânica Financial Times –, transtornado pela euforia, acaba de anunciar uma nova revolução. No recente ensaio “Novo capitalismo financeiro provoca revolução global” (Valor Econômico, 28/6/2007, p. A-14), o economista busca fazer audaciosa síntese das características fundamentais da dinâmica capitalista atual.

Escrevendo ali em paródias – ridicularizando Trotsky quando alude à sua “revolução permanente”, no texto –, teoriza que, após a derrota da experiência socialista soviética, emergiu “um outro período revolucionário. O capitalismo está novamente em mutação”. Seríamos todos testemunhos da transformação de um “capitalismo gerencial”, do século passado, para um “capitalismo financeiro mundial”.

Da paródia à parola

Não há dúvida alguma: Wolf é um espertalhão inteligente, um talentoso ideólogo do neoliberalismo anglo-saxão, como anotei de outra feita; e de vez em quando é um malabarista no jogo de palavras que mente criteriosamente (1).

De saída, encantado com sua própria arrumação de dados – expressando (de fato) o crescimento gigantesco de diversos ativos financeiros na dinâmica econômica –, Wolf dissimula parecer ter descoberto a pólvora. Repito pela décima vez: desde meados dos anos 1980, o economista brasileiro José Carlos de Souza Braga desvelou a categoria de “financeirização” da riqueza no capitalismo contemporâneo – outro padrão de valorização e gestão do capital financeiro e da alta finança.

Aliás, bem no início dos anos 1980, Braga e Frederico Mazzucchelli apresentaram, inovadoramente, uma brilhante análise das características e propriedades (Lênin) gerais do capitalismo monopolista e da hegemonia financeira nele. Com efeito, na medida em que nesse estágio capitalista se estabelece uma unidade originária contraditória (acumulação produtiva X financeira) da forma lucros e da forma juros, “a autonomização da forma juros promove uma dominância financeira de duplo caráter: creditícia, nas vinculações com a acumulação industrial, e monetária na acumulação fictícia” (2).

Assim, argumento neste artigo que essa interpretação do escriba londrino viaja da paródia à parola. Porque o processo de mutações em curso no capitalismo global confere à forma financeira – à revelia, e não, das últimas evoluções de suas bases técnicas – um poderoso móvel cumulativo no desenvolvimento dos circuitos de acumulação e valorização do capital. Não há “período revolucionário” ou menos ainda revolução – mas, sim, algo similar ao apontado por Thomas Kuhn em sua interpretação da estrutura das revoluções científicas (3).
Mas não recusemos aludir às idéias principais do (muito bem pago) liberal-monarquista Wolf.

Os cinco argumentos centrais de Wolf

1.Diz ele que o volume de recursos financeiros “explodiu”: a relação de ativos financeiros com a produção anual saltou de 109% em 1980, para 316% em 2005; este ano totalizou US$ 140 trilhões o estoque mundial de ativos. Destaca a zona do euro, que passou em 180% para 303%, a proporção ativos/PIB entre 1995-2005; de 278% para 359%, no Reino Unido, e de 303% para 405%, nos EUA, no mesmo período.

2. Além disso, os mercados de capitais passaram a exercer “cada vez mais as funções de intermediação” bancária, onde, se em 1980 os depósitos bancários representavam 42% de todos os títulos financeiros, reduziram-se a 27% em 2005. O sistema bancário, por sua vez, “migrou” da atuação em bancos comerciais (empréstimos de longo prazo e relacionamento duradouro com a clientela), para atividades afeitas a bancos de investimentos.

3.Derivativos, ou “novos produtos financeiros complexos”, desenvolveram-se de títulos, ações, commodities e câmbio. Wolf usa dados da Associação Internacional de Swaps e Derivativos para concluir que em fins de 2006, somados, swaps de juros e cambiais, e opções de juros no mercado atingiram US$ 286 trilhões, ou cerca de seis vezes o valor do Produto Mundial Bruto; esses derivativos somaram US$ 3,45 trilhões em 1990. Inovações financeiras que – afirma Wolf – “transformaram as oportunidades de gerenciamento de risco”.

4.Mais ainda, os fundos privados de investimento e os fundos hedge – “novos atores” – cresceram enormemente: os fundos hedge que eram 610, em 1990, subiram para 9.575 no primeiro trimestre de 2007. Fazendo especulação e arbitragem (especulação em diferentes mercados e países), os hedges então somavam e administravam aproximadamente US$ 1,6 trilhão.

5. Cada vez “mais globalizado”, o capitalismo, de 1970 a 1980 e 2004, somava em ativos financeiros e passivos internacionais sob posse de residentes em países de alta renda, subiu, respectivamente, de 50% do PIB agregado, para 100% e para 330% neste último ano. Para Wolf, sendo “transparente tanto em seus atores como na natureza de seus ativos”, a globalização do capitalismo financeiro, o crescimento da intermediação e da atividade do setor financeiro explicar-se-iam “pela liberalização e o progresso tecnológico”.

“Liberalismo”. A propósito, isto aí é teatro mambembe do saudosismo colonizador britânico, onde a “era de ouro”, radicalmente antiliberal e reguladora da orgia da alta finança especulativa, a verdadeira grande catapulta das altas taxas de crescimento econômico e difusão do padrão tecnológico mais ou menos homogêneo no centro (e parte da periferia) do capitalismo, por mais de vinte anos, sofrem inversão tautológica (fraudulenta) pelas palavras de Wolf.

Bem como esse ideólogo neoliberal confessa uma facciosa ignorância – omissão deliberada? – dos elementos cruciais que impulsionam o progresso técnico: 1) há incerteza na evolução tecnológica, na medida em que processos “evolucionários” e a impiedosa seleção de “ambiente de mercado” indeterminam quem será o vencedor (ex post) da concorrência; 2) a geração de alternativas tecnológicas via de regra é “altamente focalizada”; 3) as mutações tecnológicas selecionadas pelo mercado, estão longe de serem “estritamente aleatórias” e “provêem direção ao avanço técnico”; 4) a decisão de inovar também exprime “a dimensão cumulativa do conhecimento técnico”, resultando em tendências à semelhança, mas sempre em superioridade às inovações técnicas anteriores (4).

Tudo isso quer dizer: o “liberalismo” e o padrão tecnológico contemporâneo são para meia dúzia de
grandes corporações multifuncionais cada vez mais centralizadores de uma massa inimaginável de ativos financeiros e, simultaneamente, da inovação técnica à base das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação.

Revoluções das bases técnicas do capitalismo

Asseveramos então que, em idéias mais precisas que àquelas de Kuhn, as revoluções técnicas do capitalismo são incompreensíveis se pensadas à margem das leis da dialética. Por isso sublinhamos que os processos de acumulação quantitativa das mudanças – manifestações fenomênicas da lei da transformação da quantidade em qualidade e da qualidade em quantidade – incidem sempre sobre a dinâmica capitalista, redimensionando-a.

A exemplo, na fase capitalista da manufatura – decisiva à passagem à grande indústria –, encontra-se uma comprovação inequívoca disso. Porque não há revolucionamento das bases técnicas do capitalismo à época da manufatura, há uma relação de desenvolvimento da especialização dos instrumentos de trabalho com parcelização das tarefas, sem perda da subjetividade do trabalho; ou seja, ainda é vigente o comando do trabalhador sobre o processo da produção manufatureira. Isso compreende um estágio de subsunção (“absorção”) formal – vale dizer, incompleto de subordinação ao capital. Desse modo, a manufatura bloqueia a ampliação da valorização do capital, dados os enormes limites ao crescimento da produtividade, vis-à-vis à crescente demanda das trocas mercantis internacionais.

Na evolução do pensamento de Karl Marx e seus estudos sobre a constituição do modo específico de produção capitalista, o desenvolvimento dos instrumentos e da divisão de trabalho; as especializações (dos instrumentos e do trabalho) na passagem da manufatura para a maquinaria; a diferenciação, especialização e simplificação das máquinas-ferramentas; e especialmente a transição da subsunção formal para a real conformam uma série de categorias que (só assim) sustentam o conceito de Revolução Industrial. Espécie de síntese, a máquina-ferramenta concentraria o ponto de partida da revolução industrial. Só progressivamente se impõem as relações entre a técnica a ciência e o trabalho (5).

Quer dizer, com a conformação da grande indústria – “seu meio característico de produção e produzir máquinas por meio de máquinas” (Marx) –, há objetivação do processo da produção, que se torna tecnicamente contínuo e regulado, baseando-se na aplicação da ciência aos processos produtivos; o volume da produção e de trabalho socialmente necessário à elaboração de cada mercadoria passa a ser tecnicamente determinado. Como muito bem dissertou Carlos Alonso Barbosa de Oliveira:
“(…) as constantes revoluções técnicas significam constantes desenvolvimentos das forças produtivas, constantes mudanças na divisão social do trabalho, destruição permanentes das formas de produção não fabris, constante criação de novos ramos de produção que já surgem dominados pela organização fabril, alterações permanentes das necessidades sociais. Ora, esses processos caracterizam o regime capitalista como um sistema de produção revolucionário, em constante movimento e permanente desequilíbrio” (6).

Tudo isso se esparramou mais rapidamente ainda após a I Grande Depressão capitalista (1873-96): a II Revolução Industrial. A nova transição, forjada por crescente processo de centralização de capitais, a emergência das estruturas monopolistas e suas grandes escalas de produção, e um novo padrão tecnológico: ao invés do ferro, do carvão e da máquina a vapor, então o aço, a eletricidade, a química pesada, o telégrafo sem fio, o motor à combustão interna (7).

Revolução ou contra-revolução?

Por conseguinte, é necessário compreender verdadeiramente a constituição específica da revolução nas forças produtivas capitalistas para conceber sua generalização (universalização) através de seu movimento lógico-histórico. Daí a constituição de “padrões” de capitalismos em cujas estruturas vão, necessariamente, se homogeneizando os processos de produzir e reproduzir a riqueza e a exploração assalariadas capitalistas. Sistemicamente consolida-se sobre uma nova base técnica, revolucionária, do regime econômico-social.

De outra parte, em primeiro lugar, para consideração dos vários elementos que transformam potentemente a estrutura técnica da produção capitalista, tal reestruturação – uma “fronteira tecnológica de difusão ampliada” (8) – conteria, crucialmente, modificações da infra-estrutura de transportes, energia e telecomunicações. Em segundo lugar, tal reestruturação deveria projetar a economia mundial numa “onda longa” de crescimento econômico, fenômeno nitidamente ocorrido nas referidas duas outras revoluções industriais (Braga, idem, pp. 253-4, 2000).

Numa outra dimensão, daquilo que alguns autores vieram a denominar de III Revolução Industrial – epicentro no “complexo eletrônico” (9) – exacerba-se grotescamente o fenômeno incontornável da redução da própria base de valorização do valor (Marx), ou do capital, vis-à-vis ao grande impulso técnico. Exemplificando, o desemprego assume proporções inéditas: no mundo alcançou “o mais alto nível histórico”, 195,2 milhões de pessoas, apesar do crescimento econômico global – declarou Juan Somavia, secretário-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a partir de relatório publicado em fins de janeiro deste ano.

Ademais, de maneira geral, do capitalismo periférico advieram o desemprego estrutural, de trabalho, desindustrialização e maior heterogeneidade social. Uma “contra-revolução liberal-conservadora”, assim designou Cardoso de Mello ao conjunto dos processos econômicos, financeiros e geopolíticos (10).

A dupla fajutice de Martin Wolf

Por tais razões, trata-se de dupla fajutice trombetear uma atual “revolução capitalista” comandada pelo portentoso capital financeiro. Quais fajutices?

Primeira: a financeirização da riqueza capitalista é fenômeno derivado do desenvolvimento da conjugação operativa entre a manipulação inovadora do poderoso sistema de crédito e a ação política avassaladora da oligarquia financeira mundial, comandada tout court pelo grande capital financeiro dos EUA; os mesmos perpetrantes da sabotagem aos acordos que “reprimiam” a especulação da alta finança desde Bretton-Woods (1944). Trata-se, portanto, de mentira altamente interessada publicizar a omissão, em economia política, no que respeita à pioneira e irrefutável teorização de Marx (depois, outros) acerca da múltipla valorização do capital portador de juros como sendo a “perversão monstruosa das relações de produção” (Marx, O Capital, Livro 3), ou do capital reduzido à sua pura forma: a produtora de juro, “a forma mais reificada (…), forma fetichista pura do capital” (11). A “revolução” de Wolf esqueceu o D-D’ (que sobreviveu 240 anos!) e chegou atrasada 27 anos (12).

Segunda: Martin Wolf fracassa diante dos que acreditam em sua “revolução capitalista”, quando ele mesmo, no aludido ensaio, afirma que “O novo capitalismo financeiro representa o triunfo dos negócios de ativos sobre produtores de longo prazo”. Onde “outra conseqüência foi a emergência de dois centros financeiros internacionais: Londres e Nova York”.Ou seja, uma “revolução” às avessas; pois “Em todo o mundo ocorreu uma considerável migração de renda do trabalho para o capital. (…) Especuladores financeiros ganham bilhões de dólares, não durante uma vida inteira, mas num único ano” (Valor Econômico, idem, 28/6/2007).

Não houve “revolução” desde a emergência, consolidação e regulação estatal do capitalismo monopolista, do período percorrido do século 19 até os acordos de Bretton-Woods; destes da crise dos anos 70 do século passado; desta crise aos dias de hoje, quando vivemos sob a ditadura do grande capital financeiro centralizado em massas gigantescas. Ao lado de fusões e aquisições, instabilidade endógena sistemicamente e crises financeiras recorrentes e demolidoras.
São estágios (níveis) históricos do capitalismo monopolista, desenvolvimentos da fase imperialista desse modo de produção, decifrado por Lênin como sendo de decomposição, desenvolvimento, concorrência feroz e tendência à guerra. Não há outra fase.

A.Sérgio Barroso, Médico, doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp), membro do Comitê Central do PCdoB.

Notas
(1) Wolf, em “Riscos e recompensas da era de ouro”, escreveu: “Períodos dourados como este são raros e nunca duram muito. Eles precisam ser aproveitados enquanto duram. A posteridade nos condenará se negligenciarmos a oportunidade de construir um mundo melhor assentado sobre as fundações atuais” (Valor Econômico, 3/5/2007). Ora, se houve crescimento econômico mundial, nos últimos cinco anos, trata-se de uma fraude chamar de “era de ouro” esse período, comparando-os com (pelo menos) aqueles 20 anos (1945-65) de elevado crescimento econômico global, de vigência do “pleno emprego” à la Keynes, com aumento real de salários (Europa, Japão e EUA), forte redução das desigualdades no capitalismo desenvolvido e certa difusão do padrão tecnológico à periferia capitalista; desde meados dos anos 1970, particularmente na Europa, desemprego e subemprego são altíssimos, e aberrantes as desigualdades econômicas e sociais entre países – crescentes inclusive no interior do capitalismo central.
(2) Prosseguem os autores: “É, portanto, o desenvolvimento do capital a juros que faz dos aspectos financeiro-creditícios e financeiro-monetários os determinantes par excellence da estruturaração monopólica do capital e do movimento do capital monopolista” (“Notas introdutórias ao capitalismo monopolista”, de Braga, J.C.S. e Mazzucchelli, F., in Revista de Economia Política, São Paulo, n° 2, abril/junho/1981).
(3) Acompanhemos brevemente o raciocínio de Kuhn (A estrutura das revoluções científicas, São Paulo, Perspectiva, 2003, 8ª ed. [1962]), acerca dos paradigmas científicos universalmente aceitos, para quem permaneceria “em aberto a questão a respeito de que áreas da ciência social já adquiriram tais paradigmas. A história sugere que a estrada para um consenso estável na pesquisa é extraordinariamente árdua” (p. 35). E logo adiante afirma que, para ter aceitação como paradigma, “uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada” (p. 38). Quer dizer, a ciência “normal” – “empreendimento altamente cumulativo” – “não se propõe descobrir novidades no terreno dos fatos ou dada teoria; quando é bem sucedida não as encontra” (p.77). De outra parte, durante “os períodos revolucionários, quando mais uma vez os princípios fundamentais de uma disciplina são questionados, repetem-se as dúvidas sobre a própria possibilidade de progresso contínuo, caso um ou outro dos paradigmas alheios sejam adotados” (p. 207).
(4) Em “Concorrência sob condições oligopolísticas. Contribuição das análises centradas no grau de atomização/concentração dos mercados”, de Ana Lucia Gonçalves da Silva, há ainda uma interessante correlação entre a idéia do “paradigma científico” de Kuhn, e a formulação do especialista G. Dosi, de “paradigma tecnológico”. Ver as p. 223-227 do importante estudo de Gonçalves (Campinas, Unicamp/Instituto de Economia, 2004).
(5) Devemos aduzir que, em se vasculhando os três volumes dos Grundisse, de Marx, encontra-se a esclarecedora passagem abaixo, dando conta de desenvolvimentos bem mais complexos em torno da questão das bases técnicas do capitalismo:
“Na medida em que, sem embargo, a grande indústria se desenvolve, a criação real de riqueza se torna menos dependente do tempo de trabalho e da quantidade de trabalho empregados, que do poder dos agentes postos em movimento durante o tempo de trabalho, poder que, por sua poderosa eficácia não guarda relação alguma com o tempo de trabalho imediato que custa sua produção, mas depende mais do estado geral da ciência e do progresso da tecnologia, ou da aplicação desta ciência à produção” (Ver: ‘Elementos fundamentales para la crítica de la economia política (borrador) 1857-1858’, vol. 2, p. 227-229, Buenos Aires, Siglo Veintiuno editores, 1972).
(6) Ver: Processo de industrialização. Do capitalismo originário ao atrasado, de Oliveira, C. A. B., p. 63, São Paulo, Unesp, 2003.
(7) Segundo David Landes, no clássico Prometeu desacorrentado. Transformação tecnológica e desenvolvimento na Europa ocidental, de 1750 até os dias de hoje, a depressão apenas foi revertida lá pela passagem do século. Acrescentando que, além do motor a combustão interna e dispositivos automotores, advieram a “indústria de precisão e da produção em linhas de montagem – uma série de inovações a que se deu o nome de Segunda Revolução Industrial” (Rio de Janeiro, Elsevier/Campus, p. 249, 2005, 2ª edição).
(8) J. C. Braga, em Temporalidade da riqueza: teoria da dinâmica e financeirização do capitalismo, explica esta denominação a partir do exemplo do “complexo automotriz”: petróleo como nova matriz energética, fornecedores, comercializadores, garagens, oficinas de reparação, serviços de táxis, linhas de ônibus, postos de abastecimentos, pneus, câmaras de ar, válvulas, lâmpadas, aço, cobre, borracha, vidro, transporte rodoviário, seguro de automóveis, construções domésticas e industriais, etc (Campinas, IE/Unicamp, p. 250, 2000).
(9) Ver a circunstanciada argumentação em: “A Terceira Revolução Industrial e Tecnológica: as grandes tendências de mudança”, de Coutinho, Luciano, Economia e Sociedade, n° 1, Campinas Unicamp/IE, agosto de 1992.
(10) Em “A contra-revolução liberal-conservadora e tradição crítica latino-americana. Um prólogo em homenagem a Celso Furtado”, de Cardoso de Mello, João Manuel, in Poder e Dinheiro – uma economia política da globalização, Tavares, M. C., Fiori, J. (orgs.), p. 22, Petrópolis, Vozes, 1997, 2ª edição.
(11) Ver: O Capital, Livro 3, volume 5, Capitulo XXIV, Marx, Karl, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974.
(12) Quer dizer, de enorme impulso a partir da década de 1980. No entanto, para Hyman Minsky, “as oscilações das taxas de câmbio [desde 1973] têm sido muito grandes: grandes demais para serem explicadas a partir das contas de comércio. As oscilações acentuadas são um efeito da integração financeira” (“Integração financeira e política monetária”, Economia e Sociedade, n° 3, Campinas, IE/Unicamp, dez./1994).

EDIÇÃO 91, AGO/SET, 2007, PÁGINAS 54, 55, 56, 57, 58, 59