Poeminha impertinente
O tempo da internet promete
Chatear a muita gente
A internet é impertinente
Por natureza ela é dada à esperteza.
Dantes tinha a desculpa esfarrapada
Do carteiro que errava endereço
A gente podia perguntar:
Mas, você não recebeu?
O outro com cara de pau:
Não senhor, não recebi nada.
Agora você pode alegar que
O "computa" está quebrado
Mas logo se lembra que pode
Abrir e-mail gratis como a brisa
Em qualquer outro lugar do planeta…
É de amargar!
E eu me lembro do Caminha,
Coitado! Pra mandar a carta
Do descobrimento do Brasil
Precisou de caravela sem pressa
Vento e correnteza a favor
Pra chegar com certeza
Ao destinatário.
Agora qualquer otário
Conversa fiado a qualquer
Hora,
O tempo da internet é feito
em bits pelo espaço-tempo…
Aqui é dia, ali é noite fechada
E a tal internet, não tô nem aí
Seu Souza! Com horários
e relógios.
O diabo da internet é aquele
Que Garcia Marques acusou:
O avião à jato leva depressa o corpo
Mas a alma do sujeito chega depois,
Em caravelas…
A comunicação carece
De duas mãos, ida e volta
Com resposta certa ou torta.
Todo mundo tem e-mail,
Pra quê não sei.
O tempo é que não dá
Pra nada
Quando a mente está
Sempre alugada
Com o Nada desta vida
Desastrada.