Façamos como los hermanos mexicanos
Grandes vivas aos mortos que nos fizeram viver
Desde a outra metade da vida querida e sentida
Nesta vida.

Façamos um grande brinde à inevitável morte
Para não decair na lembrança dos que virão amanhã
Gozemos a vida dignamente no arco das gerações
Nesta vida.

Façamos como os antigos manos marajoaras
Grandes arquitetos da metáfora da outra vida
Na ressureição da cerâmica em monumentos humanos
Nesta vida.

Façamos como o índio mestre Mayongong
Que constrói o panteão da nação Karib nas estrelas
Bem alto para Guimarães Rosa nenhum achar defeito
Nesta vida.

Façamos uso da sabia cultura da boa morte
Caminhando livremente como um tigre sem pressa
Aprendendo o segredo de matar sem medo ilusões
Nesta vida.

Façamos com que o inevitável não seja uma tragédia
Haja dança, música, comida e bebida para a morte
De tal sorte que a vida seja mais sentida e querida
Nesta vida.

 

Belém – PA, 02/11/2007