A Coroa de Tom: sobre os desempregados
Tom – coroado em duro e puro aço,
Tom; seu irmão botadesbotado empilha a enxada,
Fazendo faísca no chão rumo ao lar – Dick, camarada;
Tom Cor-e-ação, Obreiro Tom: só quer o seu pedaço
De pão, e cama agora. Leve, a parca parte (um traço
Só tem: não passar fome, Tom: Tom, doente? não é nada,
Amargo, nunca; e pé à-prova-de-pregos na estrada
De mil espinhos, pensamentos) leva. Não faço
Caso do bem, oh! desigual, comum desde que o pão em dia
Dêem a todos. Baste a pátria – fronte que irradia
Luzes do céu, ou mãe-terra aos que vêm
Fraternizar com pés pesados. Sem amparo ou guia
De mente ou membros; nem coroa de ouro que em
Perigo os ponha, oh não; em solo ou sol nem sola têm;
Desolados, sem nem
Um bem da terra, um dom da terra; sem aspira-
Cão nenhuma; ouro raro, aço caro, só mira;
Esperança, só espera –
Assim, o Desespero gera o Cão-vadio; a Ira,
O Homem-fera, pior; e o bando agora infesta a era.
(1887)
HOPKINS – A Beleza Difícil
Introdução e traduções Augusto de Campos
Editora Perspectiva