“Você sabe, a água
não quer briga. A água
não pertence à destruição”.
(Sertanejo de Correntina – BA)

*

Há uma alegria
na água
que nunca cessa
de jorrar.

Infinita é a paz
que pode ser
quem consegue
ser humilde
como a água
em seu viajar.

*

Toda água é humilde
e cantante, a brotar
da terra em flor.

Toda água é amorosa
e se dispõe a ser útil
nos trabalhos do viver.

*

Se estupram a terra
e tiram os cílios dos rios,
a água reflui
de sua boa intenção.

Torna-se triste,
e demuda em deserto
e desolação.

*

Nos gerais do sertão
o povo ainda canta e dança
ao som das águas murmurantes
ainda não violadas
pela voz da ambição.

“Faça teu rancho onde se canta.
Gente má não tem canção”.

(Shelley)

 Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.