Outra morte
Mil e um anos depois
volto
a esta rua – que ainda não
levará meu nome – e a esta casa verde
onde ainda morarás
Volto eu e
outra vez meu amor
pequenino grão de milho no cosmo
presentear-te a bala
estampida em meu peito
a bala
que me matou
apenas por ti
E ainda estarás viva
pois és feita
de pedra e vidro
letra solta no sopro
bile cristalina
da lua fria
seiva que colore as rosas
Possivelmente vapor
me receberás
abrindo a boca para o sol
numa gargalhada
lançando em mim
o lençol de teu sorriso
branca felicidade
que me cerrará os olhos
eternamente