Essa história do amor, que a uma só vida
Bilhões extrai, prolífico e fogoso,
Essa – oh! gênero humano desditoso! –
Enche o tempo, enche o espaço, indefinida…

Adão, o arrependido, e a arrependida
Eva, ei-los avexados, ante o iroso,
Bíblico Deus, severo e rigoroso,
De quem toda essa história é já sabida.

E ele, que em beijos e ais no Eden
                                 [surpreende
O agil mancebo e a adolescente linda,
Sobre ambos vingadora a destra estende.

Arrependem-se? Embora! O amor não finda,
Pois o par amoroso se arrepende
De ter amado, mas… amando ainda!

 

Cancioneiro do Amor – Os mais belos versos da poesia brasileira
Antologia organizada por Wilson Lousada
Livraria José Olympio Editora – 2ª edição, 1952