Zóio preto
Morena, ocê me mata
Tudo dia um cadinho
Me frecha cum teu oiá
Me esmaga cum teu jeitinho
No jardim adonde ocê vive
Têm muitas frô prefumosa
Tem a hortência, tem o cravo
E tem ocê , feito rosa
No pomar que ocê cuida
Tem uma grande fruitêra
E dois zóio grande e preto
Brioso, pra vida intera
Na terra que ocê anda
Nace água cristalina
Burbuia, cum muita graça
Cum seu jeito de menina
Quisera que Deus me leve
Desse mundo de meu Deus
Má, num apague a lembrança
Do preto dos zóio teu.
Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.