Limpo as pontas
de meu sapatos
das fuligens
desse inverno de
amor resfriado
 
Diante do mundo
sem varanda
sento e tento
outra vez
horizonte
e mar

Plantado o poema
se repete
infenso aviso
“não pise na grama”
letras de um falso
cadafalso
 
Setembra chuva e entretanto
e me escorre
um beijo pelas mãos
 
O sangue de meu
sol
sistema de ovos
vermelhos
desautoriza
seu cinza

Grito de plástico
e amaciante
há de resistir
à água ácida
das gotas
da tua alma

O tempo adiposo
musga os óculos
Semicego:
é só força
muda
o que enxergo
na névoa