A morte acidental do nobre edil
Todo mundo admitia saber que o vereador Galisteu andava metido em encrencas…
Ele nunca comparecia aos encontros do Partido; nem nas viagens, comumente planejada pelos outros edís.
Agora, deitado de decúbito dorsal e rodeado de coroas de flores oferecidas pelos correligionários na nave principal do salão nobre do velório municipal, parece sorrir de seus adversários políticos: ele os enganou a todos.
Vivia na luxúria; sem que falhasse uma única vez, jamais houve uma única primeira dama nos últimos trinta anos, que não o tivesse convidado a dividir a alcova, justamente nos dias em que havia reunião do partido fora do município.
Pena que o soldado que guardava a casa do alcaide o tenha confundido com um ladrão, ao sair sorrateiramente pelos fundos da casa.
Mandou parar; correu (não parou). Levou chumbo!
– Agora, se pudesse dizer algo, ele diria que morreu satisfeito.
Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.