Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Sonho com claustros de mármore

    Sonho com claustros de mármore onde em silêncio divino os heróis, de pé, repousam: pela noite, à luz da alma, falo com eles: pela noite! Estão em fila: passeio entre as filas: as mãos suas de pedra lhes beijo: os olhos de pedra descerram: movem os lábios de pedra: tremem as barbas de pedra: empunham […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Sonho com claustros de mármore
    onde em silêncio divino
    os heróis, de pé, repousam:
    pela noite, à luz da alma,
    falo com eles: pela noite!
    Estão em fila: passeio
    entre as filas: as mãos suas
    de pedra lhes beijo: os olhos
    de pedra descerram: movem
    os lábios de pedra: tremem
    as barbas de pedra: empunham
    a espada de pedra: choram:
    vibra a espada na bainha!
    Em silêncio, as mãos lhes beijo.

    Falo com eles, pela noite!
    Estão em fila: passeio
    entre as filas: lacrimoso
    me abraço a um mármore: – “Ó mármore,
    dizem que bebem teus filhos
    seu próprio sangue nas taças
    venenosas de seus donos!
    Que falam a podre língua
    dos seus rufiões! Que comem
    juntos o pão da ignomínia
    na mesa em sangue banhada!
    Que perdem em língua inútil
    o último fogo! Enfim, dizem,
    ó mármore adormecido,
    que já morreu tua raça!”

    Lança-me em terra, de um bote,
    o herói que eu abraço: agarra-me
    ao pescoço: varre a terra
    com a minha cabeça: o braço
    levanta: o braço lhe fulge
    assim como um sol: ressoa
    a pedra: buscam o cinto
    as mãos brancas: e do sólio
    saltam os homens de mármore!

     

    Grandes vozes líricas hispano-americanas
    Seleção e Tradução: Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
    Editora Nova Fronteira – edição 1990

    Notícias Relacionadas