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    Comunicação

    Tributo ao amado Cesário da Martinica

    Tua nobre vida quase centenária, tua vida exemplar A eterna poesia da tua resistência jamais morrerá… Teus irmãos sabiam desde sempre que tu não morrerias jamais Como não morreu a radicalidade poética de Léon Damas Como o humanismo de Senghor vive no coração da Negritude Planetária. Tu, Mestre dos mestres, ensinaste a todos primeiros e […]

    POR: Redação

    3 min de leitura

    Tua nobre vida quase centenária, tua vida exemplar
    A eterna poesia da tua resistência jamais morrerá…
    Teus irmãos sabiam desde sempre que tu não morrerias jamais
    Como não morreu a radicalidade poética de Léon Damas
    Como o humanismo de Senghor vive no coração da Negritude
    Planetária.

    Tu, Mestre dos mestres, ensinaste a todos primeiros e terceiros
    Mundos e fundos que todos nós somos filhos da mãe África
    Todos somos negros da Terra, não importa branco ou amarelo
    Enquanto cativos do império do Trabalho
    Oh, sim, se não houvesse África não existiria mundo
    Se não existisse negrura, não haveria brancura
    E todas mais variações racistas intermediárias
    Entre o amor e a dor
    Entre a esperança e o medo
    Entre a paz e a guerra.

     “Et elle est debout la négraille
     la négraille assise
     inattendument debout
     debout dans la cale
     debou dans les cabines
     debout sur le pont
     debout dans le vent
     debout sous le soleil
     debout dans le sang
     debout et libre.”

    As armas do pensamento e as palavras miraculosas
    Mais poderosas do que dinamite e a bomba atômica
    Quando o sol se pôs sobre a baía de Fort-de-France
    A grande noite veio enlutar a terra inteira
    A primeira noite do mundo sem Cesário
    Belém do Pará na inconsciência negreira do Ver o Peso
    Cidade morena irmã da Martinica
    A desconhecida negritude cosme e damião:
    Amazônia-Caribe.

    Bruno de Menezes e Dalcídio, irmãos de São Benedito da Praia
    Orai pro nobis!
    Amem-se, filhos e filhas do amado Cesário!
    Sobre todas as fronteiras do mundo, além de ilhas e antilhas
    Além dos mares e metrópoles imperiais
    Além das muralhas de fortes conquista/dores
    Façam amores e mandem flores à Tristeza
    proclamem o Carnaval geral:
    Academia do peixe frito, canhapira e azeite de patauá…
    Os gados do rio das Amazônias verde e azul
    Os desterrados povos da floresta
    A negritude global para além da melanina
    Todos os negros da Terra
    Os deuses da África estão em festa e dançam ao som do tambor
    Todos nós de olhos escuros ou claros estávamos insones
    Súbito de pé com a notícia da Martinica!
    A negrada sentada e triste
    Inesperadamente em pé
    De repente, não menos que de repente
    Romperam-se as correntes
    Reta, erecta sobre os porões de navios cargueiros
    Antes acorrentada em navios negreiros
    Agora em pé nas cabines de comando
    Sobre o convés finalmente em pé
    De pé contra o vento, de pé debaixo do sol
    Levantando-se do sangue e da morte
    De pé e livre para sempre.

     

    Belém 17/04/2008 (dia da morte de Aimé Césaire) 

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