Lâminas
Abre-se um corredor sem fim e lá vem ela vestida de aromas e um sorriso que reconhece a carne como o imperceptível reconhece o indelével e assim passa por mim separada por uma lâmina de ar tão estreita que os fluidos dos corpos se trocam e entrelaçam-se os fios que atravessam o sólido das impossibilidades.
Se me perco assim noutra linha foi pela sorte que se fez num jorro irresistível e interminável que talvez fizesse ruborizar o suéter guardado no armário com o mesmo perfume de antes e antes de dormir talvez devêssemos bendizer a casualidade e os encontros.
O frio feito lâmina corta meus lábios e são meus os teus os dela os céus e arranha-céus sobre a terra que derretem-se em mel que escorre pelas coxas.
Cadência de passos na escada. Um copo caí no silêncio e uma boca bebe minha alma pelas extremidades.