As cigarras
Nas noites sem lua,
À mercê do escuro e sob o faro das feras,
Nossa tocha de fogo,
Eram aqueles músicos.
A noite encanta, mas, também, entedia e mata.
As canções por aquelas juvenis gargantas
– tanto talento e nenhuma fama –
Eram o incenso que nos acasalava,
Eram a faca com que domávamos a solidão.
Enquanto cantavam, enforcávamos os tiranos.
E jurávamos libertar aquelas crianças
Brancas&negras&escravas
Que pelas madrugadas vendiam rosas.
Cantavam a bem dizer – de graça –
Como fazem as cigarras.
As Delícias do Amargo & Uma Homenagem poemas – Adalberto Monteiro
Editora Anita Garibaldi, 2006
Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).