No tempo em que estive banida,
não reconhecestes haver ocorrido
nada que ensejasse sofrimento ou dor.

Agora, de volta aos desassossegos,
não consegues encontrar em mim as culpas que,
de tanto me imputares,
fizeram-me verdadeira.

Fontes de sombras e alguma paisagem,
dormem nas dobras de meus caminhos,
não como temas, arpejos, notas,

mas fato.

No entanto, rejeitas-me fato
e vida acumulada.

O que esperar, então, de tanto mármore?
É de se aguardar que tantas idéias e braços,
cruzando-se na cidade sitiada,
cheguem um dia a ser vida?
Por que veredas seguir até encontrar alma
capaz de presumir um outro e não a si mesma?

E o que fazer, toda manhã, com as mil formigas que varro,
duras, frias,
acumuladas em minha porta?