Posso dizer que a melhor porção de mim é quem amo?
Talvez.
Mas não posso dizer que sou o que amo –
não assim,
peremptoriamente,
integralmente,
como quer este personagem,
                este filme,
                este astro.

Amar é verbo
que transita entre o ser
                         e o ato.

Então,
ao amar
(este passo irredutível,
                   iniludível,
                 irrecusável),
estou sendo talvez o que jamais poderia,
se não amasse aquele alguém
como um fato.

Mas, sendo o que sou
– e o que sou é o que faço –,
o que sobrará, afinal, de mim
se amar é fazer-me esse outro
em que me encaixo?