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    Comunicação

    Tributo a Josué de Castro

    José Apolônio de Castro morreu de tristeza como impávido expatriado Que mal fez ele ao povo ou à pátria que tanto amava?  O crime de abrir os olhos do mundo à geografia da fome nordestinada? Ou a coragem camicase de denunciar o modo infra humano como vivem os comedores de calango? Na caatinga ou no […]

    POR: Brasigois Felicio

    2 min de leitura

    José Apolônio de Castro
    morreu de tristeza
    como impávido expatriado

    Que mal fez ele ao povo
    ou à pátria que tanto amava? 

    O crime de abrir os olhos do mundo
    à geografia da fome nordestinada?

    Ou a coragem camicase
    de denunciar o modo infra humano
    como vivem os comedores de calango?

    Na caatinga ou no mangue
    água mole em pedra dura
    não elide a usura
    e o som absurdo das ditaduras.

    Yes, nós temos o homem caranguejo
    escravo do barro e de seus miasmas
    junto ao bravo sertanejo
    filho da seca e da aridez mar-avilhada.

    Dos dois, não se sabe quem está mais longe
    de tornar-se humano. Josué viu tudo isto
    e pediu piedade, justiça e coragem
    a um tempo acanalhado
    por batráquios fardados.

    No exílio foi definhando,
    temido pelos milicos da quartelada
    que viam nele uma sombra a ser calada

    Aurélio Lira Tavares negou que retornasse
    à  pátria por quem suspirava
    assim decretando uma morte anunciada
    – com isto, e talvez por saber montar um fuzil,
    conquistou a imortalidade
    da casa de Machado de Assis.

                      II

    Morto, Josué retornou ao Brasil
    para um enterro vigiado
    onde até fotos foram proibidas.

    Onde o crime do desterrado
    temido até quando finado?
    Onde o perigo de palavra silenciada?

    – talvez no levante necessário
    da Consciência a ser despertada.

     Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.

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