Tem tristeza com remorsos
do que poderia ter sido, e que não foi

Tem tristeza que põe mesa
para a festa de estar grávida de si mesma

Tem tristeza que não é aceita,
mas vai chegando e se ajeita

Tem tristeza alegrinha,
ilumina o estranho rosto da sombra

Tem tristeza que rejubila
em nos fazer perder nossas certezas

Tem tristeza patética, só vê na vida
a velha megera da mesmice

Tem tristeza sorrateira,
vem quando estamos ausentes

Tem tristeza que é vazia feito
cadáver adiado que procria

Tem tristeza benfazeja,
quando vem é companheira

Tem tristeza que é posseira,
nos invade e é aceita

Tem tristeza indiscreta,
chega fazendo festa

Tem tristeza que é sem muros,
tem saudades do futuro

Tem tristeza perdida em si
por não saber onde quer ir

Tem tristeza tão antiga
querendo passar por nova

Tem tristeza repentina
a contar antigas histórias

Tem tristeza que pergunta:
Onde a juventude envelheceu em mim?

 Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.