Rios e mar formam tuas ilhas
de águas salgadas águas doces
os tempos idos: a paz, as pontes
a negar o que exibes hoje.
Cinzas de heróis em solo estranho,
a dor do mundo: ei-la em teu rosto.
Se uma luz nova é o que tu buscas:
só mostra sombras o teu “novo”.
Um novo carente de amor:
tua grandeza é teu passado,
as multidões perderam as ruas:
sabem todos que estão cercados.
Poucos recordam Frei Caneca,
Luz da Nação, voz brasileira.
Onde se encontram Capistrano,
herói na Espanha, Hiram Pereira?
O porte altivo de Gregório,
águas do abismo a vida inteira.
As cinzas-luz de Abreu e Lima
pedem sombra a nossa Bandeira.
Um cinturão de armas ocultas
fez da cidade a cidadela,
as armas pesam sobre todos,
sentem todos o peso delas.
A morte segue os nossos passos,
não escolhe a vida que rebenta,
chega veloz, nasce nas armas,
suprime a luz: morte violenta.
(In Literatura Portuguesa e Brasileira, (Antologia), Universidade do Porto, 2000,
org. de João Almino e Arnaldo Saraiva.)
Fonte: interpoética