Estados Unidos da América: origens do “capitalismo bandido”
Riquezas, mitos e ineditismos fartos: a história dos EUA, além de tudo, é “da reza um terço”, como diz nossa rica sabedoria popular, referindo-se à grande parte das coisas desconhecidas. No caso das raízes classistas dos donos do império do Norte, a coisa é mais teratológica do que se diz ou inventa.
Bloqueio do feudalismo
Mirando longinquamente – depois das tentativas dos espanhóis –, ingleses e franceses possuíam as primeiras colônias permanentes no Novo Mundo ou na América, no início do século XVII. Jamestown, a primeira inglesa (1607), localizou-se na região da Virgínia, numa homenagem à Elizabeth I, a “Rainha Virgem”. Tratava-se do movimento (conflitivo) de expansão dos novos impérios europeus emergentes.
A base material da sociedade colonizada da América do Norte pela Grã-Bretanha teve no Norte-Nordeste sua matriz industrializante. Ali, as estruturas feudais não se articularam; a rarefação da população indígena – e seu extermínio fácil; a remoção de obstáculos ao acesso à vastidão das terras; a impossibilidade para mineração de metais preciosos e a imigração de artesãos e camponeses europeus fugidios das tormentas políticas e religiosas, principalmente, deram substância a uma formação econômico-social impulsionada pela pequena propriedade independente.
Aclara Barbosa de Oliveira [2]: a colonização dos EUA produziu uma estrutura social profundamente heterogênea: no Norte, condições semelhantes às da Europa, quer dizer, tornavam-se “inadequadas ao projeto do capital comercial”, em si, ou à fixação da grande exploração agrária de artigos de exportação – caminho fácil à emergência do capital industrial; no Sul, o predomínio da exploração latifundiária escravista.
Na medida em que a estrutura produtiva nortista colonial se baseava fundamentalmente da pequena propriedade agrícola e no artesanato, desenvolviam-se o capital comercial e usurário nas cidades possuidoras de governo próprio e aldeias. Como que à revelia das travas reacionárias do grande latifúndio escravocrata sulista.
Independência: escravocratas em guerra
A condução ideológica da guerra da independência das treze colônias britânicas nos Estados Unidos (1776-1783) traz a marca indelével de seus colonizadores esbravejando serem os promotores da liberdade no mundo; eles mesmos “filhos nobres da liberdade”, defensores do protestantismo: Grã-Bretanha, “senhora das nações, o grande sustentáculo da liberdade, o flagelo da opressão e da tirania” (Losurdo, 2006) [3].
A imposição do imposto sobre o chá (1773) coloca o país contra Grã-Bretanha de maneira definitiva e se considera ali o momento simbólico deflagrador da Revolução Americana. Em 1775 as treze colônias de posse dos britânicos (Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, New Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque, Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia) reúnem-se no Primeiro Congresso Continental, ponto de partida da luta armada, iniciado sob a forma de guerra de guerrilhas. Em 4 de julho de 1776 os chamados “Pais Fundadores” (Thomas Jefferson, John Adams, Benjamin Franklin, Robert Livingston e Robert Sherman) da moderna nação norte-americana declaram o fim do domínio britânico sobre os territórios da América [4].
Um duplo paradoxo brotava da luta pela independência colonial. De um lado, os campeões da liberdade britânicos eram déspotas e escravocratas e os maiores traficantes de escravos do planeta; de outro, no interior da grande rebelião americana, os “mais barulhentos advogados da liberdade eram os mais duros e mais selvagens patrões de escravos”; “caçadores de negros”. E – a exemplo – se John Miller, líder do iluminismo escocês, denunciava que os mesmos refinados e falantes indivíduos defensores da liberdade política não tinham escrúpulos em reduzir uma grande quantidade dos seus semelhantes – a condições de serem privados não apenas de propriedade, mas também de quase todos os direitos –, era gravíssima a acusação (e a opção) do economista ícone da economia política clássica, Adam Smith, cuja obra clássica A riqueza das nações data de 1776: “O despotismo acusado na Coroa [britânica] é preferível à liberdade reivindicada pelos proprietários de escravos e que beneficia uma restrita classe de fazendeiros e patrões absolutos” (apud: Losurdo, idem, p. 23).
Enfim, guerra de piratas, em última instância, onde a violência do reinado colonizador de George III impediu qualquer iniciativa legislativa para impedir ou mesmo limitar a crueldade do tráfico negreiro. Era em que, nos trinta e dois anos, dos trinta e seis primeiros anos de existência dos Estados Unidos, todos os seus presidentes são escravocratas de Virgínia, estado que chegou a concentrar 40% dos escravos do país. Coisa “normal”, pois conforme o brilhante filósofo liberal, John Locke, legitimador da escravidão, na conversão ao cristianismo e ao Evangelho as “pessoas casadas não devem abandonar o cônjuge nem o servo torna-se emancipado de seu dono” [5].
A derrota do mercenarismo do reinado britânico foi assinada no Tratado de Paris, em 1783, após as vitórias militares nas batalhas de Trenton e Princenton. De acordo com o historiador David MacCullough, o apoio financeiro da França e da Holanda, além de militar, do exército e da marinha franceses, foram decisivos no resultado final da guerra. Porém, em última análise – afirma McCoullough – foi George Washington e seu exército que venceram a guerra da independência dos Estados Unidos [6]. Redigida por Thomas Jefferson, sua famosa Declaração – diz sugestivamente Raphael – fora aprovada por 13 estados, não por homens isolados de “traje formal e peruca”, tendo os delegados da maioria dos estados obedecido a instruções específicas de seus eleitores [7].
A idéia do fim da escravidão foi um fracasso absoluto. E – atenção –, anteriormente à promulgação de sua Constituição, em 1786-1787, uma grande revolta de camponeses pobres e endividados, liderada por Daniel Shays, coronel reformado do Exército Continental, leva o mesmo Washington (então reformado) a apelar por uma Carta “liberal e enérgica”; queixa-se contra “uma visão demasiado benevolente da natureza humana”, defendendo a necessidade de um “claro predomínio dos ricos e dos grandes proprietários de terra” [8].
Predestinação divina e amor ao dinheiro
A progressiva grandiloquência da América tem por base o acicate da ideologização do protestantismo. Não à toa, um dos primeiros livros didáticos para crianças (The American Revolution Written in the Style of Ancient History, 1793) descrevia a Independência, ou a Revolução Americana, imitando a linguagem da Bíblia e dando a cada um dos personagens principais um nome bíblico. De fato, a propensão ao messianismo nacional até hoje impregnado no país renovou a larga tradição judaica capturada pelo fundamentalismo bíblico dos puritanos, imigrantes à América, terra prometida.
Como bem afirma Moniz Bandeira (2005), “o povo americano, do mesmo modo que os israelitas, passou a considerar-se o mediador, o vínculo entre Deus e os homens. Essa aliança bíblica entre Deus e os israelitas foi que inspirou o contrato firmado entre si pelos peregrinos a bordo do Mayflower, em 21 de novembro de 1620, para criar um organismo civil, que faria ‘leis justas e igualitárias’” [9].
Em 1820, a “American Academy of Languages and Belles Lettres” premiou com quatrocentos dólares e uma medalha de ouro puro a Salma Hale, por ter escrito a melhor história dos EUA para ser distribuída nas escolas. Hale assim explicara os objetivos de seu livro: “Exibir, sob uma luz forte, os princípios de liberdade política e religiosa que nossos ancestrais professaram e pelos quais lutaram e venceram; (…) e produzir, não tanto por reflexões morais quanto pelo caráter de narrativa, impressões virtuosas e patrióticas na mente do leitor” [10].
Ray Raphael ilustra bem esse cenário ao dizer que livros como o de Hale possuía formato de apenas 15 cm, ou menos, tamanho suficiente para caber num avental ou no bolso de um casaco. Reimpressos maciçamente e a preços baratíssimos, dirigiam-se a alunos jovens e cidadãos de uma jovem nação: cumpriam um duplo dever: construir o caráter e construir a nação; “(…) precisavam louvar o rompimento com a Grã-Bretanha, mas não podiam pregar as virtudes da rebelião a crianças que tinham de obedecer aos mais velhos” (ibidem, 280-281).
Noutro viés, Shepard Clough (1958) considerava que, desde as raízes fundacionais, em nenhum outro lugar embalado pela “cultura ocidental” a idéia do desenvolvimento econômico teve tanta força como nos Estados Unidos. Para ele, a colonização britânica desde os primórdios criou uma situação onde a luta pela sobrevivência física era tão vigorosa quanto o conceito de crescimento econômico “foi literalmente imposto aos colonizadores”. Anos depois – entusiasma-se o autor –, a maioria daqueles que chegaram à América seguiu em grande medida essa conduta: “Não é, pois, de admirar que se tenham feito exortações sobre a parcimônia e o trabalho por líderes americanos, desde o capitão John Smith até Dwight D. Eseinhower, que as máximas do ‘Pobre Ricardo’ tenham tido proeminência no pensar norte-americano, que a história dos êxitos de Horatio Alger, John D. Rockefeller e Henry Ford tenha arrebatado a imaginação do povo americano, e que o trabalho árduo, incluindo o manual, tenha sido encarado com simpatia” [11].
Para além, isso é uma forma de adocicar o assunto. O estudo profundo do francês Joseph Patouillet (O imperialismo americano, 1902), que detalha as aspirações burguesas e a “ideologia” da época, já identificara com nitidez a questão central:
“A diplomacia dos Estados Unidos é feita de seus interesses eventuais; o móvel de seus atos é o amor à especulação, o ódio da concorrência [la haine de la concourrence], a pretensão de dominação do comércio universal” (apud: Bandeira, p.54; ).
Exatamente neste “espírito diplomático” é que nasce a Doutrina Monroe (1823), elaborada pelo presidente James Monroe, declaração ao Congresso, nunca votada ou transformada em lei – e centro da política externa norte-americana por décadas. Segundo assinala essa doutrina, os Estados Unidos não tinham nenhum interesse sobre colônias de países europeus na América; contudo, se buscassem os europeus ampliar os domínios na América, isto colocaria em risco a paz e a segurança do próprio país.
Cadáveres e Das Kapital
Se a partir de 1840 o avanço capitalista nos EUA é amplificado com o desenrolar da industrialização, somente com o desfecho da sangrenta Guerra Civil americana (1861-1865) é que se pode assegurar a passagem à hegemonia plena do capital industrial. Ainda que por volta de 1861 os Estados Unidos já tinham se constituído num “gigante econômico”: mesmo distante da Europa, de ter seu desenvolvimento marcadamente interno – não no comércio exterior –, bem como de possuir um interior do país acidentado, características que, em parte, obscurecessem o fato maior.
Como é sabido, Marx e Engels emprestaram vibrante apoio ao sentido progressista da Guerra Civil nos Estados Unidos. É fato que, à época da I Internacional, dirigida de Marx, os sindicatos haviam se tornado pontos importantes de concentração dos trabalhadores dos EUA; durante os anos da Guerra Civil Norte-Americana, os sindicatos apoiaram a luta dos Estados do Norte contra os escravistas.
Ainda em fins de 1859, John Brown, abolicionista e revolucionário, tomou de assalto um arsenal federal na Virgínia. Derrotado e preso, foi condenado à morte por traição, não sem sentenciar: “Estou convencido de que somente o sangue apagará o grande crime deste país pecador”. A morte de Brown revoltou e mobilizou massas em cidades do Norte. Marx, desde a execução, acompanhou de perto o desenrolar dos acontecimentos nos EUA. Antes da Guerra Civil, numa carta a Engels escreveu: “Segundo penso, os maiores acontecimentos da época atual no mundo são, de um lado, o movimento dos escravos na América, que começou com a morte de John Brown; de outro, o movimento dos servos na Rússia” [12].
Mas os quatro anos de guerra foram “esgotantes e terrivelmente sangrentos”, onde a União (o Norte) perdeu em torno de 360 mil homens e a Confederação (O Sul) cerca de 258 mil. Desses – sublinha Paul Kennedy –, um terço morreu em combate, o restante em função das doenças nele adquiridas. Foram aproximadamente 620 mil cadáveres, número espantosamente superior àquele da soma dos norte-americanos mortos nas duas Grandes Guerras Mundiais e na guerra da Coréia [13].
Com o povoamento do Oeste, a construção das ferrovias e com a unificação econômica do país, resultante da Guerra Civil, o mercado interno americano conheceu enorme crescimento; e um país unificado com acesso a dois oceanos e sem rival junto a suas fronteiras. Expansionismo que passa, depois, a ser guiado pela idéias de Alfred T. Mahan (Naval War College): o poder marítimo seria o vértice da supremacia das nações na história da época.
Em 1867, comprando o Alasca, os EUA adotam as teses de Mahan. Seguem-se, entre o fim do século XIX e início do século XX: 1898: anexação do Havaí, Guam, Filipinas, Porto Rico; 1899: domínio sobre Samoa; 1901: imposição de protetorado sobre Cuba; 1903: construção do Canal do Panamá; 1905: imposição de semiprotetorado sobre São Domingos. “Robber barons” (barões ladrões)
A chamada I Grande Depressão (1873-96) é expressão de fenômenos da transição à fase dos monopólios e à formação da grande burguesia norte-americana. O padrão tecnológico da era concorrencial (ferrovias, vapor, têxtil e carvão) vai se alterando pari passu à concentração bancária e à centralização de capitais.
Foi dessa maneira que os grandolas da indústria e das ferrovias se transmutaram em banqueiros, e estes passaram a comprar (ou controlar) indústrias. Segundo o grande economista liberal, John Hobson:
“Foi assim que construtores de trustes, como os Srs. Rockefeller, Rogers, Havenemeyer e dirigentes de estradas de ferro, como Harriman, Gould, Drew, ou Vanderbilt, se tornaram banqueiros ou diretores de companhia de seguros, enquanto banqueiros, como J. P. Morgan, organizavam combinações na indústria de aço e navegação e participavam em diversas diretorias de companhias ferroviárias e industriais” [14].
Repletas de técnicas e recursos exuberantes, e cruel exploração (escravocrata e burguesa) das massas populares, as condições históricas que estruturaram a formação da burguesia nos Estados Unidos são igualmente recheadas de vigarices, malandragens e roubalheira. Sua gananciosa liderança empresarial foi justamente alcunhada de “os barões ladrões”.
A famosa expressão nada tem de preconceituosa ou muito menos se origina no esquerdismo anticapitalista. Foram os fazendeiros do Kansas que, em 1808, pela primeira vez a assacaram contra os “reis” dos monopólios das ferrovias, do ferro e da carne de porco, daquele país. Generalizou-se.
Pior ainda: vários deles não são só ladrões de casaca. Cornelius Vanderbilt, por exemplo, que começou a fazer fortuna na navegação a vapor e transformou-se num magnata da ferrovia, com longa experiência em mercados financeiros, era um sujeito grosseiro e violento: “violar empregadas fazia parte de sua rotina habitual, e uma vez mandou a mulher para um asilo de loucos quando ela protestou contra uma mudança de residência”. Seu adversário e comparsa Daniel Drew, rico investidor da área de disputa com Vanderbilt, era homem vil e resmungão, um inimigo cruel e aliado traiçoeiro, enganador de seus próprios acionistas (Morris, idem, p. 73).
Jay Gould, o “corsário ferroviário”, também acostumado à variadíssima pilantragem com títulos públicos, tinha como grande sócio e leal amigo “Gentleman Jim” Fisk, um muito inteligente “patife barulhento e elegante” (Morris, p. 75). O mesmo Daniel Drew afirmava que Gould tinha “o toque da morte” (Morris, p. 34).
John D. Rockefeller (“Big Bill”), cuja fortuna vem inicialmente do petróleo, descendente de sólidas famílias de fazendeiros, era “um personagem malandro”, foi fazendeiro, curandeiro viajante, mágico e falso médico; “uma vez chegou a ser acusado de estupro. E estranhamente gostava de se fingir de mudo” (Morris, p. 30).
Andrew Carnigie, escocês de origem pobre – “talento espetacular e inteligência extraordinária” -, e rapidamente rico empresário de materiais ferroviários e petróleo, costuma ser “desnecessariamente cruel com seus colaboradores mais leais”; “manipulava seus subordinados sem a menor vergonha” (Morris, p. 29).
Provavelmente, um grande burguês bem mais sóbrio, o banqueiro John Pierpont Morgan (filho de Junius Morgan, igualmente banqueiro especializado no empréstimo de curto prazo, à época “desconto de notas”) terminou por se tornar uma lenda no poder financeiro nos Estados Unidos por mais de 40 anos; “impôs sua própria vontade férrea sobre a economia americana” (Morris, 41). Segundo pensa atualmente esse banqueiro e escritor Charles Morris, Carnigie, Rockfeller, Gould e Morgan chegariam ao topo em qualquer época ou como líderes militares ou chanceleres de reis. Sendo que, nos Estados Unidos após a Guerra Civil [15], os negócios adquiriram uma “sensação de excitação e propósito que antes os homens associavam às grandes conquistas e aos grandes feitos do Estado” (ibidem).
Certamente. Mas é impossível separá-los de uma longa história de crueldade e bandidagem!
Sérgio Barroso é doutorando em econômia e membro da Comissão Editorial de Princípios
Notas
[1] Em: MORRIS, C. R. Os magnatas. Como Andrew Carnigie, John D. Rockefeller, Jay Gould e J. P. Morgan inventaram a supereconomia americana, Porto Alegre, LP&M, 2006, p.143, 2ª edição. Morris é advogado, ex-banqueiro, hoje empresário de software para finanças, autor de vários livros de economia. “Capitalismo bandido” intitula o Capítulo 3 de seu indispensável livro.
[2] Ver: OLIVEIRA, Carlos Alonso Barbosa de. Processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado, São Paulo, Unesp/Unicamp, 2003, pp. 201-3. Tem relevância o que diz a seguir o autor: o pequeno produtor americano bancava o preço da passagem enquanto o imigrante se submetia a uma servidão temporária; e, na realidade, “como a produção era comandada por pequenos proprietários, a condição de servo mais se assemelha àquela de aprendiz de ofício”, não se ignorando “o tratamento desumano” imposto aqueles trabalhadores. (p. 204).
[3] Ver: LOSURDO, Domenico. Contra-História do Liberalismo, pp. 20-21, São Paulo, Idéias & Letras, 2006.
[4] PECEQUILO, Cristina, em A política externa dos Estados. Continuidade ou mudança?, p. 34. Porto Alegre, UFRGS, 2003. Com razão, a autora considera na periodização dos anos 1776-1865 a formação e consolidação entre os séculos XVII e XIX, ciclo este estruturador do ponto de vista tanto econômico quanto político (p.31).
[5] In: Losurdo, idem, pp. 24 e 55. Segundo ainda o marxista italiano, entre 1788 e 1848, nas primeiras dezesseis eleições presidenciais, todas, exceto quatro delas, elegeram proprietários de escravos para a Casa Branca! (p. 24).
[6] Ver: MACCLLOUGH, D. 1776. A história dos homens que lutaram pela independência dos Estados Unidos, p.p. 326-327, Rio de Janeiro, Zahar, 2006. Prossegue ele: “O Exército Continental – e não o controle do rio Hudson ou o domínio de Nova York ou Filadélfia – foi a chave da vitória. E foi Washington que manteve unido o exército, dando-lhe ‘ânimo’ por todo o mais desesperado dos tempos” (p. 326).
[7] Em: RAPHAEL, Ray. Mitos sobre a fundação dos Estados Unidos. A verdadeira história da Independência Norte-americana, p. 279, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006.
[8] Apud: LOSURDO, Domenico, Democracia ou bonapartismo: triunfo e decadência do sufrágio universal, pp. 96-97, Rio de Janeiro/São Paulo, UFRJ/Unesp, 2004.
[9] Diz adiante Luiz Alberto Moniz Bandeira: tais peregrinos viam a si próprio como exceções ao que consideravam traição dos europeus ao cristianismo; eram “crentes de suas vantagens e qualidades e vantagens peculiares (…) um papel que outros povos não podiam desempenhar” (Formação do império americano – da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque, p. 26, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005).
[10] Em: RAPHAEL, Ray, idem, p. 281.
[11] Ver: CLOUGH, S. O Sistema Americano – as bases econômicas de sua civilização, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1958, pp. 8-9.
[12] Ver: BUONICORE, Augusto. “Marx e a Guerra Civil americana”, parte I, Vermelho, 06-04-2007. A propósito, Marx assim abre sua famosa carta a Abraham Lincoln: “Senhor: Felicitamos o povo americano pela sua reeleição por uma larga maioria. Se a palavra-de-ordem reservada da sua primeira eleição foi resistência ao Poder dos Escravistas (Slave Power), o grito de guerra triunfante da sua reeleição é Morte à Escravatura”. Ver: MARX, Karl. “A Abraham Licoln, presidente dos Estados Unidos da América”, in: Marx e Engels. Obras Escolhidas, Tomo II, p. 18, Lisboa/Moscou, Avante! 1983.
[13] Em: KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. Transformação e conflito militar de 1500 a 2000, p. 111, Rio de Janeiro, Campus, 1989. Para Kennedy, uma das destacadas causas da vitória do Norte foi, no enfrentamento militar, a enorme diferença da população: o Norte tinha uma população branca da ordem de 20 milhões de pessoas, o Sul apenas 6 milhões: “Tendo em vista o desequilíbrio de tamanho e população não havia como ele [o Sul] pudesse vencer” (idem, p.p.177 e 179).
[14] Ver: HOBSON, John. A evolução do capitalismo moderno, pp. 189-90, São Paulo, Abril Cultural 1983.
[15] O crescimento econômico dos EUA pós-Guerra Civil durou cerca de 40 anos e, em marchas e contramarchas, “foi o maior da história, pelo menos até o crescimento espetacular demonstrado no fim do século XX pelos “tigres” econômicos do Leste asiático” – assinala Morris (p. 25).
EDIÇÃO 99, DEZ/JAN, 2008-2009, PÁGINAS 31, 32, 33, 34, 35, 36