Socialismo é a alternativa
Sem se dar conta São Paulo amanheceu mais vermelha dia 21 de novembro. Pela primeira vez na história, a América Latina sediava, em sua maior cidade, o 10º Encontro de Partidos Comunistas e Operários. O evento se estendeu até o dia 23 e recebeu representantes de 65 partidos de 55 países de todos os continentes. E entre as organizações presentes, todas as que exercem o governo central de seu país: os partidos comunistas da China, de Cuba, do Laos, da República Popular Democrática da Coréia e do Vietnã.
Internacionalmente conhecido como o maior e mais importante fórum dos partidos comunistas e operários do mundo, o encontro teve em sua décima edição um significado especial. Quase duas décadas após a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética – fatos que abriram as portas para o hegemonismo estadunidense, a ascensão do neoliberalismo e a decretação do “fim da história” – uma grave crise atinge o centro do capitalismo, mostrando mais uma vez seus impasses estruturais.
Logo depois, no final dos anos 1990, uma série de movimentos populares, democráticos e de esquerda na América Latina abriu a perspectiva de uma alternativa ao neoliberalismo.
Prova de reconhecimento do importante papel desempenhado pelos partidos comunistas também na atualidade foi a mensagem enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao encontro. Minha saudação, disse o presidente, “é um ato de reconhecimento à luta de todos vocês em defesa dos trabalhadores e do povo pobre. Ao sentimento de humanidade que norteia sua militância pela erradicação da miséria, da fome e das desigualdades entre os povos. E também ao seu empenho pela construção de uma nova ordem econômica mundial.
Um dos pontos altos do encontro foi a realização de ato em solidariedade aos povos da América Latina. Aberto ao público, o evento ocorrido dia 22 na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo recebeu mais de mil e quinhentas pessoas, entre delegados internacionais, dirigentes brasileiros e militantes.
Segundo ressaltou Renato Rabelo, presidente do PCdoB, o ato comemora “uma década de importantes mudanças políticas democráticas, progressistas e populares no continente se considerarmos seu início em 1998, ano da vitória de Hugo Chávez para a presidência da Venezuela.
Neste vasto continente, com um longo histórico de onipresença hegemônica do imperialismo norte-americano, esses acontecimentos são inéditos e demonstram uma nova fase política e de importantes conquistas democráticas avançadas, de sentido antiimperialista e anticapitalista, enfatizou.
Rumo ao futuro socialista
Depois de três dias de intervenções, debates e conversas bilaterais, o saldo foi positivo. O evento, realizado pela primeira vez em 1998, na cidade de Atenas, por iniciativa do PC da Grécia, teve em sua décima edição mais um momento de fortalecimento do movimento comunista e dos laços entre os partidos, fatos que abrem novas perspectivas para a superação do capitalismo, e resultou na divulgação de dois documentos: a Proclamação de São Paulo e a Declaração em solidariedade aos povos da América Latina e Caribe.
Ao término, Renato Rabelo declarou: a realização do encontro demonstrou a capacidade do PCdoB de aglutinar e organizar a vinda de mais de 60 partidos dos quatro cantos do mundo. Isso, por si só, já é um grande fato. Além disso, conseguimos, por aclamação, aprovar os dois documentos que apresentam unidade entre as organizações, uma grande vitória porque se trata de uma reunião com partidos comunistas diferentes entre si. José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais, concorda. Segundo ele, o conjunto de documentos saído do encontro mostra o amadurecimento dos partidos e sua compreensão sobre os problemas fundamentais que assolam a humanidade.
Por fim, enfatizou Renato Rabelo: “o socialismo é a alternativa” para pôr fim às mazelas do capitalismo e “pode ser alcançado em novas condições”. O sistema socialista, reafirmou, “é o único viável para a humanidade, não há outro”.)
A revista Princípios reproduz a seguir a íntegra dos dois documentos aprovados durante o 10º Encontro dos Partidos Comunistas e Operários, o comunicado conjunto das organizações participantes e, também, a mensagem do presidente Lula ao encontro.
Priscila Lobregatte é jornalista e repórter
EDIÇÃO 99, DEZ/JAN, 2008-2009, PÁGINAS 43, 44