A Fundação Maurício Grabois foi instituída por decisão do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e passou a existir em 2 de abril de 2008 como sucedânea do Instituto Maurício Grabois (IMG). Suas três finalidades mais gerais são:

– Promover estudos, pesquisas e análises nas áreas política, econômica, social e cultural, sobre realidade brasileira e mundial.

– Realizar trabalho de educação política e formação militante; e pesquisar.

– Organizar acervo sobre a história e memória do Partido Comunista do Brasil e do movimento operário e popular.

A Fundação Mauricio Grabois tem a convicção de que para cumprir estas finalidades e enfrentar as tarefas teóricas da contemporaneidade terá de realizar seu trabalho interagindo com o conjunto das forças avançadas.

Com base neste entendimento, a Fundação foi concebida como um espaço de confluência, um local para o encontro entre o labor intelectual desenvolvido pelo PCdoB e o trabalho de semelhante natureza realizado por intelectuais e outras organizações do campo marxista e progressista do Brasil e de outros países. Tendo em vista esse intercâmbio com o pensamento avançado, a Maurício Grabois destaca também seu diálogo com a Universidade brasileira e outras instituições de pesquisa e estudo.

Dada esta concepção, a diretoria e as demais instâncias da Fundação são constituídas por militantes do PCdoB com perfil consoantes à sua natureza. Terão também a participação de intelectuais, pesquisadores e personalidades do mundo da cultura, com ou sem filiação a outras legendas, que tenham afinidade com seus propósitos e se disponham a colaborar com o êxito de seu trabalho.

A Fundação Maurício Grabois, para defender, difundir e enriquecer o marxismo, conhecer e compreender — com o instrumental dessa teoria — mais e melhor o Brasil e a realidade mundial, intensificará sua agenda de atividades tanto por iniciativa própria quanto em parceria com outras organizações congêneres ou instituições afins. É uma agenda diversificada e contempla a realização de pesquisas, estudos, seminários, conferências, debates, cursos e outras atividades de formação, e ainda, iniciativas editoriais.

Enriquecer a teoria marxista

A queda dos governos do Leste europeu e a dissolução da União Soviética, no triênio 1989-91, constituíram uma derrota estratégia do campo revolucionário e instauraram uma crise tanto do socialismo quanto de sua teoria, o marxismo.

Desde então, uma obra de primeira grandeza se impôs às forças revolucionárias e avançadas do mundo: superar a crise do marxismo e reafirmar o socialismo em bases novas, obra que exige desenvolver e enriquecer o marxismo e combater o dogmatismo que o enrijeceu.

De lá para cá, a realidade em muito já se alterou, avanços se deram, mas esse desafio persiste. Agora, num quadro menos adverso. Se a última década do Século XX foi marcada pela proclamada crise do socialismo, o final do primeiro decênio do Século XXI simboliza o fracasso dos dogmas neoliberais. A profunda crise econômica e financeira que assola o mundo realça os limites históricos do capitalismo. O marxismo é revalorizado e o socialismo se apresenta como uma alternativa renovada e viável.

Interpretar a realidade de nosso tempo

Nos últimos anos, temos procurado contribuir com a renovação da teoria marxista via o enfrentamento dos principais problemas e dilemas apresentados ao movimento transformador de nosso tempo.

Nesse sentido, fixamos como prioridades a sistematização sobre as singularidades do capitalismo contemporâneo, os caminhos da nova luta pelo socialismo, e a jornada pela resistência e superação do neoliberalismo, com focos no Brasil e na América Latina.

Sobretudo na atualidade, quando ficaram patentes o desastre do neoliberalismo e os efeitos destrutivos da crise capitalista decorrente da denominada financeirização do capital, segue importante a crítica do atual sistema reinante. As condições estão mais favoráveis à elaboração de alternativas ao desnudado receituário neoliberal, o que implica avançar na elaboração de projetos nacionais de desenvolvimento — desafio a que vários povos e países do mundo, como se vê na América do Sul, têm procurado enfrentar.

Mais marxismo, mais Brasil

A Fundação Maurício Grabois, no que concerne aos estudos brasileiros — que, aliás, constituem o cerne de suas prioridades —, buscará, em especial, reforçar sua participação no esforço empreendido pelas forças políticas e sociais avançadas do país com o objetivo de elaborar um projeto nacional, alternativo ao neoliberalismo, e aos ditames do imperialismo.

A elaboração desse projeto nacional assentado na soberania, na democracia, no desenvolvimento sustentável e duradouro, na integração latino-americana — e direcionado para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro, com emprego e distribuição de renda, bem como os caminhos políticos à sua concretização — é questão-chave, que tem uma importância estratégica para os interesses imediatos e maiores da nação.

Ainda consoante à temática brasileira, além de se dedicar a esse trabalho de contribuir com a elaboração desse projeto nacional, a Fundação se debruçará sobre problemas teóricos e políticos referentes ao objetivo maior das forças avançadas do Brasil: a conquista do socialismo. Este objetivo estratégico exige, além de uma correta abordagem tática de uma persistente prática transformadora, um acúmulo ascendente de reflexão e de elaboração teórica e política canalizado à formatação de um projeto socialista consoante à realidade brasileira.

Em outro plano, decorrente das responsabilidades assumidas pelo PCdoB e por outras forças progressistas em várias instâncias do governo e no Parlamento brasileiro, a Fundação Maurício Grabois buscará contribuir com a elaboração de políticas públicas que correspondam aos interesses da nação e aos direitos do povo e dos trabalhadores.

Memória e história

Dentre suas atividades, a Fundação Maurício Grabois também buscará resgatar e preservar a memória do movimento operário e popular e contribuir para a elaboração da história do Partido Comunista do Brasil. Os marxistas, os comunistas, ao longo de mais de oito décadas participaram ativamente da construção do Brasil moderno e marcaram presença nos principais acontecimentos da história nacional e no cotidiano da luta dos trabalhadores e do povo.

A memória, a documentação e a sistematização dessa história se constituem tarefas de grande importância. Esse rico acervo de mais de 80 anos de estudo e prática transformadora alimenta com lições e ensinamentos as jornadas libertárias do presente.

Integração solidária da América Latina

A Fundação Maurício Grabois destaca entre suas linhas de pesquisa e elaboração a temática da integração solidária das Américas Latina e Sul. Convicta de que a superação do neoliberalismo e o embate com o imperialismo exigem coesão de países, governos, povos e movimentos sociais que a ele se opõem, a Fundação irá procurar estabelecer intercâmbio teórico e político com organismos e instituições e afins de vários países, em especial, da América do Sul.

Há de se destacar ainda que a Fundação Maurício Grabois dará continuidade ao empenho de participação nas diversas instâncias de realização do Fórum Social Mundial (FSM). A Fundação Maurício Grabois entende que o FSM, além de ser um forte movimento de feição antiimperialista, é também um fértil cenário de circulação, intercâmbio e luta de idéias. Nele tem atuado e atuará sob o lema de que "outro mundo — socialista — é possível".