O emplastro Braz Cubas
“Para azia ou melancolia,
use o emplastro Braz Cubas
– um emplastro de verdade,
para toda a eternidade”.
(Machado de Assis)
Quando tudo der errado
e a vaca for pro brejo,
Marcela nos amará
enquanto durarem
nossos cem contos de réis.
Enquanto durarem
nossos contos de réis,
Marcelas nos amarão,
para elas seremos reis.
Usando o tal emplastro,
todo mal vai de arrasto
não há calo que não ceda,
nem capeta que não vá de retro.
Com emplastro Braz Cubas no pedaço
não precisamos termos os políticos
com seus discursos
nem a astúcia dos advogados,
com suas papiatas de peralvos togados
Com emplastro no sovaco
poetinha de pé quebrado
vira poetastro afamado.
II
Emplastro Braz Cubas é a solução
para a mediocridade inata dos poetinhas fracos
ou para os delírios de astros dos poetastros
Emplastro para quem está nas últimas,
ou nas primeiras viagens
– para quem, no fundo do poço,
está prestes a dar um troço.
Emplastro para os delírios do Alienista
ou para o patriotismo de Policarpo
Para não pecar na quaresma,
não dar com os burros n’água
e para não perder a estribeira
se não tiver eira e beira.
Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.