Esta característica tem marcado sua passagem pela cultura de Goiás, formando com o mano Gilberto, uma dupla imbatível. Embora trilhem caminhos diferentes, Gilberto na erudição, na excelência da crítica e na felicidade criativa da poesia vai ultrapassando fronteiras; José espalha-se na poesia, na crônica, no conto e na historiografia, e vai dando a Goiás obras de referência e consulta obrigatórias, como a recuperação do primeiro jornal goiano, a Matutina Meiapontense, o Dicionário do Escritor Goiano e este sobre a Coluna Prestes.

      Na administração cultural, impagável são suas gestões na Academia Goiana de Letras, no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e no Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central, da Universidade Católica de Goiás. Na Academia, Mendonça manteve por vários anos a coesão acadêmica e sua diligência incorporou à AGL a sede da Rua 20, casa de Colemar Natal e Silva, que leva o número 1 no registro imobiliário de Goiânia. A Casa de Altamiro de Moura Pacheco, na Av. Araguaia, dois imóveis testemunhos da arquitetura original da cidade e parte da biografia de dois grandes pioneiros partícipes do sonho de Pedro Ludovico e artífices da cultura goiana.

      No Instituto Histórico, Mendonça, além incorporar ao seu patrimônio acervo de importantes intelectuais goianos, conseguiu, em sábia engenharia diplomática, a construção do edifício moderno que acolhe os bens e atividades do Instituto. A Coluna Prestes em Goiás é mais uma de suas ousadias. Há mais de 20 anos vem recolhendo livros, falas, documentos sobre as cavalgadas da Coluna em Goiás. Em estilo simples de bom contador de causo, Mendonça reúne as informações e vai repassando ao leitor de forma paciente e agradável um dos episódios políticos mais importantes do século passado no Brasil.

      Na maioria das vezes o historiador apenas colhe a memória remanescente das pessoas que tiveram contato com a Coluna e seus líderes, fornecendo ao leitor um relato quente, de viva voz. Em outros momentos reconstrói o trajeto da Coluna por todo o Estado de Goiás, de Rio Bonito e Mineiros no Sudoeste, passando pelas cercanias de Vila Boa, pelo Matogrosso goiano, norte e nordeste do então imenso estado de Goiás, descrevendo as marchas e combates daquela cavalgada neblinosa entre o épico idealista e o vandalismo. Expõe as reações da população, o caráter dos coluneiros e dos legalistas misturados a criminosos e capangas que a combatiam. Recorda a participação da mística guerreira de Lagolândia, Santa Dica e sua humilhação na cidade de Goiás, raiz lógica da reprimenda caiadista que arrasou a comunidade angélica fundada pela santa.

Prezado leitor, continuo na próxima semana.