A chegada de Obama a Washington deu-se antes mesmo de sua posse em janeiro de 2009. Na madrugada de 4 para 5 de novembro de 2008, recém eleito, ele se dirigiu a seus eleitores como presidente. (…) O país chega à Washington como reflexo de sua multiplicidade, de cores, crenças e raças e que gera, a partir de sua diversidade, a sua força. Mas são estes os EUA que emergem com a vitória de Obama?

Com esta questão a professora e pesquisadora de Relações Internacionais Cristina Pecequilo introduz o debate sobre os novos rumos dos Estados Unidos

Revista Princípios analisa significado da posse de Obama

A chegada de Obama a Washington deu-se antes mesmo de sua posse em janeiro de 2009. Na madrugada de 4 para 5 de novembro de 2008, recém eleito, ele se dirigiu a seus eleitores como presidente. (…) O país chega à Washington como reflexo de sua multiplicidade, de cores, crenças e raças e que gera, a partir de sua diversidade, a sua força. Mas são estes os EUA que emergem com a vitória de Obama?

Com esta questão a professora e pesquisadora de Relações Internacionais Cristina Pecequilo introduz o debate sobre os novos rumos dos Estados Unidos da América (EUA), entre a grave crise financeira e a eleição de Barack Obama para a presidência, dilema abordado na revista Princípios 99.

chegada de Obama a Washington deu-se antes mesmo de sua posse em janeiro de 2009. Na madrugada de 4 para 5 de novembro de 2008, recém eleito, ele se dirigiu a seus eleitores como presidente. (…) O país chega à Washington como reflexo de sua multiplicidade, de cores, crenças e raças e que gera, a partir de sua diversidade, a sua força. Mas são estes os EUA que emergem com a vitória de Obama?

Com esta questão a professora e pesquisadora de Relações Internacionais Cristina Pecequilo introduz o debate sobre os novos rumos dos Estados Unidos da América (EUA), entre a grave crise financeira e a eleição de Barack Obama para a presidência, dilema abordado na revista Princípios 99. Debate este que, através dos caminhos teóricos apontados por Princípios, envereda pela história daquele país, tratando também, de maneira crítica e com uma leitura multilateral, da eleição de Barack Obama para a presidência e da crise financeira, que estourou em Wall Street no segundo semestre de 2008.

Debate este que, através dos caminhos teóricos apontados por Princípios, envereda pela história daquele país, tratando também, de maneira crítica e com uma leitura multilateral, da eleição de Barack Obama para a presidência e da crise financeira, que estourou em Wall Street no segundo semestre de 2008.

É certo que ao derrotar o reacionário Partido Republicano e ao romper o crivo racista, a eleição de Barack Obama como 44° presidente dos EUA tem um significado positivo. Conforme análise do cientista político Luis Fernandes, presidente da Finep (Financiadora de Projetos), a eleição de Obama é a derrota política do governo Bush e a superação de uma fronteira simbólica do racismo estadunidense.

Mas, como alerta Pecequilo, as mesmas forças neoconservadoras que sustentaram a presidência de George W. Bush por longos oito anos mantém-se ativas, fato que se reflete na emergência de novas lideranças conservadoras. E o quadro que Barack Obama terá que enfrentar em sua gestão, conforme ressalta Fernandes, é de enfraquecimento estrutural do poderio dos EUA no mundo.

Segundo Fernandes, ter uma agenda menos agressiva e uma política mais flexível nas questões ambientais faz diferença para o mundo, mas a implementação de mudanças radicais esbarrará em reações conservadoras.

Como respaldo histórico deste debate, Princípios conta com artigos dos jornalistas Bernardo Joffily, Pedro de Oliveira, José Carlos Ruy e Fábio Palácio, e dos economistas Frederico Mazzucchelli e Sérgio Barroso.

A formação da sociedade estadunidense vem do século XVII. O que chama a atenção é que as análises elaboradas mostram com nos acostumamos como informações distorcidas sobre a história, disseminadas nos livros didáticos, no senso comum e no cinema.

Pelo que afirma Pedro de Oliveira, por exemplo, a colonização ibérica (América Latina) foi, de maneira geral, mais organizada que a colonização anglo-saxônica. Segundo ele, a essência do desenvolvimento dos EUA está nas transformações sociais que permitiram, à margem de um Estado fraco, o surgimento de um sistema de compra e venda de mercadorias (e da força de trabalho) que aos poucos foi se tornando dominante e se impondo como hegemônico.

Mas foi no século XX, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), que os EUA se tornariam uma potência mundial, transformando-se em credor internacional. Este século, aliás, presenciou a grande metamorfose dos EUA, até sua forma atual, na primeira década do século XXI.

Um aspecto relevante foi a mudança no perfil médio, branco, anglo saxão, da população estadunidense. Ruy demonstra como, ao longo deste tempo, a sociedade estadunidense alterou sua composição racial. Seu artigo revela que das 100 milhões de pessoas acrescidas à população dos EUA entre 1967 e 2006, 53% eram imigrantes ou seus filhos, sendo a maior parte latino-americanos. Fato que, combinado com o aumento dos casamentos inter-raciais, está tornando a população americana mais morena e com uma grande influência latina.

Em um outro artigo, traduzido para a Princípios, John Bellamy Foster, Hanah Holleman e Robert W. McChesney, da Monthly Review, tratam dos gastos militares pela sociedade norte- americana, questão literalmente cara para aquele país. O militarismo, segundo o que é exposto no artigo, é parte do complexo industrial estadunidense e as guerras assumiram, ao longo do século XX, e adentrando o XXI, papel central na constituição do império norte-americano.

Ademais, outros temas são abordados pela revista. O Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários foi, pela primeira vez, sediado no Brasil, isto é, fora da Europa. O Encontro, que ocorreu no final de novembro de 2008, em São Paulo, é considerado o principal fórum dos partidos comunistas do mundo. No contexto da grave crise financeira deflagrada em Wall Street, o evento assumiu um significado especial.

Uma prova de reconhecimento da importância do evento foi a mensagem enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ele afirma que os momentos de crise trazem consigo uma série de oportunidades, e que é preciso saber aproveitá-las, resgatando valores de solidariedade, igualdade e justiça.

Como registro deste evento, a Princípios publicou dois documentos, além da mensagem do presidente Lula, e um texto sobre o Encontro escrito pela jornalista Priscila Lobregatte.

Ainda sobre a atual conjuntura internacional, com a crise financeira, e, em contrapartida o poder de resistência dos ditos países em desenvolvimento, o jornalista Dilermando Toni apresenta os dados e as estimativas de crescimento e recessão, fazendo também um balanço da economia dos principais países capitalista em 2008.

O presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo, fala, em seu artigo, que somente um sistema de relações de produção e de poder democrático e popular será capaz de encontrar soluções de fundo para superar a crise e o retrocesso social que dela decorre. Este novo sistema, segundo ele, é o socialismo. Não apenas viável, mas necessário, o socialismo seria capaz de comportar o estágio do desenvolvimento contemporâneo.

Esta edição de Princípios também registra os 40 anos da repressão de 1968, que culminou com o AI-5, desdobrando-se na Operação Bandeirante (Oban), do ano seguinte. A distância do tempo ressalta a truculência e arbitrariedade da imposição de um projeto político reacionário, sustentado por um aparelho extremamente repressivo. O que espanta na tese de Mariana Joffily, autora do artigo sobre os inquéritos da Oban e do DOI-Codi, é que muita desta violência, plantada no auge da ditadura militar, ou mesmo antes dela, continua a gerar seus frutos pérfidos.

Excepcionalmente, a edição 99 de Princípios será trimestral. A próxima edição, comemorativa à chegada do número 100, circulará a partir do mês de março de 2009.