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    Matutano

    Ah, muié! Nóis tinha tanto amô E fumo brigá desse jeito! Acabamo por separá!!! -O que foi que desandô? Ocê num mi qué mais; Si ocê num me qué, Eu tamén num quero! Tudo si acabô, sim sinhô E foi anssim que aconteceu; Agora samo moderno Nóis vai fazê de conta Que samo gente da […]

    POR: Redação

    3 min de leitura

    Ah, muié! Nóis tinha tanto amô
    E fumo brigá desse jeito!
    Acabamo por separá!!!
    -O que foi que desandô?
    Ocê num mi qué mais;
    Si ocê num me qué,
    Eu tamén num quero!
    Tudo si acabô, sim sinhô

    E foi anssim que aconteceu;
    Agora samo moderno
    Nóis vai fazê de conta
    Que samo gente da cidade
    Nóis fiquemo anssim  mudo
    As criança óia pra nóis
    I num intendi nada
    Mai nóis intendi tudo
    Nóis que prometemo
    Ficá dijunto inté a morte
    Si separamo:
    Ocê foi lá pro sur,
    E eu fui pro norte!
    As criança ficô co´a vó
    Nóis achava que anssim é mió
    Jurei préla que num quero
    Vê ela, ném prum espêio
    Ela disse que eu tamém
    “Vô ficá pra escanteio”
    Eu disse que ela é gorda
    Ela disse que eu sô feio
    Eu disse intão  préla sumí
    Que o Brasir é grande demais
    Ela disse que nem por dinhêro
    Si dispunha a vortá atrais
    Ela deu um saluço
    E eu maomeno tamén
    Deitei cabelo na estrada
    Ela pegô um trem….

    Mai, onti nóis se encontremo
    Lá drento da sacristia
    Na igreja de São José
    I aos pé da Virge Maria
    Ela é muié de respeito
    Eu sô home de muita fé
    Lá nóis se viu e choremo
    Na frente do Deus menino
    Se beijemo,  tocô o sino
    Prumeno acho que tocô

    Ela tremia até as perna
    Fui pra riba dela cum fogo
    Fogo que num se acabô
    Demo tanto bêjo gostoso
    Bêjo cheio de amô
    Ela me deu um abraço
    Pertado; quase caí….
    Nóis falemo das criança:
    -Nóis qué elas dijuntinho
    Não lá na casa da vó
    Mais lá, no nosso ranchinho.
    Eu disse préla : o Brasir é grande
    Mais, maió é nosso amo!
    I ela me disse chorano:
    O Brasir póde sê grande
    Mais nóis ele num separô
    Nóis samo um casár de bobo:
    Queremo é casá de novo
    Cum fé em Deus, e paiz na guia
    Vortemo a sê namorado
    Aos pé da Virgem Maria
    Prometemo a São José
    O protetô das famía
    -Nóis prefere inté morrê
    Do que se apartá um dia. 

     Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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