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    Comunicação

    Antes do ataque

    Quando se vai para a morte – canta-se (mas se pode chorar,    antes).  O mais terrível do combate: a vigília do ataque. A neve – furos – em torno, enegrecida de minas. Estrondo – o amigo que tomba. A morte passou precisa. Chegou minha vez, sou isca e alvo. Quarenta e um, ano aziago. A […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    Quando se vai para a morte – canta-se
    (mas se pode chorar,
       antes).

     O mais terrível do combate:
    a vigília do ataque.
    A neve – furos – em torno,
    enegrecida de minas.
    Estrondo –
    o amigo que tomba.
    A morte passou precisa.
    Chegou minha vez,
    sou isca e alvo.
    Quarenta e um,
    ano aziago.
    A infantaria jaz inteira
    no seu sepulcro-geleira.
    Tenho a impressão de ser um ímã:
    atraio enxames de minas.
    Estrondo – 
    o tenente, num ronco!
    A morte passou de novo.
    Não temos fôlego de espera.
    E nos conduz sobre as trincheiras
    uma ira que se congela
    em baionetas
    contra goelas.
    Foi luta breve.
    Agora funde-se
    a vodca enregelada.
    Extraio a ponta de faca
    sangue alheio
    de sob as unhas.

     1942

    (Tradução de Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

    Poesia russa moderna – Nova antologia
    Traduções de Augusto e Haroldo de Campos
    com a revisão ou colaboração de Boris Schnaiderman
    Editora Brasiliense – edição 1985