Quando ele viu um cabelinho branco
Na sua negra e farta cabeleira,
Disse, com raiva e cheio de canseira:
Demora, diabo, que eu te pego e arranco!
Porém, o tempo, sério, rijo e franco,
Que não gosta daquela brincadeira,
Da planície o levou para a ladeira
E colocou bem no cimo do barranco.
E hoje o vaidoso, sem consolo, chora,
Bem diferente do que foi outrora,
Doente e magro qual um esqueleto.
Com um espelho quando se depara
Triste e choroso, sem prazer repara
Se ainda tem algum cabelo preto.

 

Fonte: www.interpoetica.com