Berlusconi leva a Itália de volta ao fascismo
Medidas recentes do governo direitista de Sílvio Berlusconi estão colocando, aceleradamente, a Itália no rumo do fascismo. Somente em fevereiro foram adotadas três delas indicando o caminho da radicalização direitista no país: uma determina o confinamento dos ciganos em áreas previamente determinadas, e sob vigilância policial. Outra determina que os médicos devem denunciar os estrangeiros em situação irregular que procurarem serviços públicos de saúde .
Finalmente, Berlusconi criou por decreto – atropelando o processo legislativo – as chamadas ''rondas de cidadãos'' para controlar a segurança das ruas italianas, uma demanda histórica da extrema direita reunida na Liga do Norte, um dos partidos da base de apoio do primeiro ministro italiano. Ele alegou a necessidade de combater o aumento dos casos de estupros no país – só neste ano já foram três, em Roma, Milão e Bolonha – e os suspeitos são estrangeiros. São o alvo da ''rondas de cidadãos'', autorizadas a usar cassetetes
Medidas recentes do governo direitista de Sílvio Berlusconi estão colocando, aceleradamente, a Itália no rumo do fascismo. Somente em fevereiro foram adotadas três delas indicando o caminho da radicalização direitista no país: uma determina o confinamento dos ciganos em áreas previamente determinadas, e sob vigilância policial. Outra determina que os médicos devem denunciar os estrangeiros em situação irregular que procurarem serviços públicos de saúde.
Finalmente, Berlusconi criou por decreto – atropelando o processo legislativo – as chamadas ''rondas de cidadãos'' para controlar a segurança das ruas italianas, uma demanda histórica da extrema direita reunida na Liga do Norte, um dos partidos da base de apoio do primeiro ministro italiano. Ele alegou a necessidade de combater o aumento dos casos de estupros no país – só neste ano já foram três, em Roma, Milão e Bolonha – e os suspeitos são estrangeiros. São o alvo da ''rondas de cidadãos'', autorizadas a usar cassetetes, com participação prioritária de ex-militares e policiais aposentados, e controladas pelos prefeitos de cada cidade.
Confinar desiguais, estipular a delação e organizar milícias de arruaceiros é uma tradição fascista. Milícias desse tipo estiveram presentes já em 1914, em Bolonha, para combater a crescente maré vermelha contra a guerra, quando os nacionalistas de direita organizaram patrulhas de voluntários para defender a ''lei e a ordem''. Elas foram os antrecedentes das milícias organizadas por Mussolini logo depois da guerra, levando aos fasci di combatimento de 1919. e aos squadristi que promoveram a marcha sobre Roma em 1922, que levou os fascistas ao poder.
A gestação do nazismo, na Alemanha, posterior à primeira grande guerra, teve evolução semelhante. No final da guerra surgiram os chamados freikorps (corpos livres), armados, formados por soldados e militantes de extrema direita. Foi um deles que assassinou Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht em 15 de janeiro de 1919. Militantes de esquadrões da morte desse tipo deram a base para a criação, por Hitler, no começo da década de 1920, das primeiras ''esquadras de choque'' nazistas, recrutadas entre marginais uniformizados, usados para dissolver comícios de partidos adversários do nazismo. O passo seguinte foi a organização, em 1929, a partir de grupos semelhantes, das SS (Schutztaffel), a milícia nazista que agrediu e matou adversários e, quando Hitler esteve no poder, administrou campos de concentração e assassinato em massa.
Lembrar o passado agressivo destas milícias de arruaceiros armados não é mera retórica: as organizações direitistas dessa natureza que atuam na Itália repetem as práticas com que suas ancestrais do começo do século passado mancharam a história. E, agora, mostram a que vieram: na última sexta-feira (dia 20), em Roma, um grupo de fascistas da Forza Nuova (FN) agrediu dois militantes que entravam na sede central do Partido da Refundação Comunista. Foi apenas mais uma da série de agressões que grupos da extrema direita vem promovendo no norte e no centro da Itália, demonstrando aquilo que poderá ocorrer desde o momento em que a lei passa a autorizar sua organização. A volta do fascismo na Itália é um risco real que precisa ser combatido por todos os democratas.
Fonte: Editorial do Portal Vermelho.