Segundo o economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, para enfrentar a crise, o governo Bush, no apagar das luzes, elevou em 40 vezes mais o gasto público em relação ao produto interno bruto (PIB) do que o governo Lula, a despeito da retórica deste a favor do aumento da participação do Estado na economia. “Bush aumentou em 20% o gasto, enquanto o consumo do governo brasileiro no último trimestre de 2008 subiu apenas 0,5%”, compara o economista, que não diferencia gasto público corrente de investimento público. “Ambos têm impacto na demanda agregada”, salienta.

Para gonçalves, Lula “perde tempo” ao pedir que o colega norte-americano, Barak Obama, regularize o crédito e abdique do protecionismo. “Todo mundo está atrás de crédito. O Brasil precisa de crédito para funcionar (mal). Se Lula fizesse curso de introdução à economia não diria nada. Está muito mal assessorado”, critica, acrescentando que retomar a Rodada de Doha, como defende o presidente brasileiro, é impossível. “Os EUA precisam se proteger para colocar economia de volta nos trilhos”, frisa.

Para o economista, a conduta do governo em relação à crise é “lamentável”. Daí, achar difícil que a economia se recupere até o segundo trimestre. “No primeiro trimestre, as coisas já não vão bem. Nada sugere desempenho melhor. O que existe é uma fortíssima desaceleração”, afirma. E destaca que, se confirmadas as previsões para o PIB em 2009, de 1% a 1,5%, os empregos gerados serão insuficientes até para absorver os jovens que ingressarão no mercado de trabalho.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecom-RJ), Paulo Passarinho, o segundo semestre dependerá dos juros e do gasto público. “Temos déficit nominal de 1,5% do PIB e baixar juros compensaria, com sobras, a perda de arrecadação prevista, de R$ 25 bilhões”, diz.

A informação é do Monitor Mercantil