Coração batendo sem que se ouça
Dias se sucedem,
semanas se sucedem,
torvelinham
num galope célere;
como se cavalgássemos
sobre um tempo de aço
voando
– olhos abertos –
pelo espaço.
Assim a vida,
ela nos atravessa –
o ouvido zoa,
o coração dispara,
como
se quisesse
saltar para
fora,
– é só o que lhe resta!
Se alguém
tenta detê-lo,
ele se altera:
toca a rebate,
dá por paus e pedras!
E quantas vezes
o coração
explode
e não se ouve
a explosão
que o sacode.
1959
(Tradução de Haroldo de Campos)
Poesia russa moderna – Nova antologia
Traduções de Augusto e Haroldo de Campos
Com a revisão ou colaboração de Boris Schnaiderman
Editora Brasiliense – edição 1985