Para Marcos Cintra, da Unicamp, não há “crise do dólar”
Aconteceu na manhã desta segunda-feira (8) na sede do Comitê Central do PCdoB debate promovido pela Fundação Maurício Grabois em parceria com o partido com foco na crise econômica e seus possíveis desdobramentos. O tema, atual na conjuntura nacional e internacional, ganha ainda mais importância neste ano para os comunistas devido à realização do 12º Congresso do PCdoB, pautado em grande medida por este contexto.
O evento é o piloto do projeto intitulado “Conversas com Princípios”, pensado a partir da
Aconteceu na manhã desta segunda-feira (8) na sede do Comitê Central do PCdoB debate promovido pela Fundação Maurício Grabois em parceria com o partido com foco na crise econômica e seus possíveis desdobramentos. O tema, atual na conjuntura nacional e internacional, ganha ainda mais importância neste ano para os comunistas devido à realização do 12º Congresso do PCdoB, pautado em grande medida por este contexto.
O evento é o piloto do projeto intitulado “Conversas com Princípios”, pensado a partir da publicação da centésima edição da revista, lançado em abril. Inicialmente, o evento contaria com a palestra do economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Compromissos de última hora impediram seu comparecimento, mas o debate aconteceu com as apresentações dos economistas Marcos Cintra (Unicamp) e Lécio Moraes, assessor da bancada do PCdoB na Câmara, com mediação de Sérgio Barroso, da direção da FMG e membro do Comitê Central.
Aconteceu na manhã desta segunda-feira (8) na sede do Comitê Central do PCdoB debate promovido pela Fundação Maurício Grabois em parceria com o partido com foco na crise econômica e seus possíveis desdobramentos. O tema, atual na conjuntura nacional e internacional, ganha ainda mais importância neste ano para os comunistas devido à realização do 12º Congresso do PCdoB, pautado em grande medida por este contexto.
O evento é o piloto do projeto intitulado “Conversas com Princípios”, pensado a partir da publicação da centésima edição da revista, lançado em abril. Inicialmente, o evento contaria com a palestra do economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Compromissos de última hora impediram seu comparecimento, mas o debate aconteceu com as apresentações dos economistas Marcos Cintra (Unicamp) e Lécio Moraes, assessor da bancada do PCdoB na Câmara, com mediação de Sérgio Barroso, da direção da FMG e membro do Comitê Central.
Marcos Cintra tratou da gênese da crise e de seus resultados. “Trata-se de uma crise de ativos, sobretudo financeiros e imobiliários, mas também uma crise das instituições”, acentuou. A crise originou-se do sistema “origina e distribui” (O-D) que transforma hipoteca em títulos e os retransmite para as instituições financeiras.
Fazem parte desse sistema os títulos de tipo Mortgage Backed Securities (MBS), hipotecas securitizadas; as Collateralized Debt Obligations (CDO), títulos de securitização de dívidas variadas – como, por exemplo, hipotecas e prestações de automóveis, passando por dívidas com cartões de créditos – e os “ativos tóxicos”, ou os títulos de alto risco que dificilmente são aceitos por alguma instituição. “Os títulos de baixo risco seguiam para os fundos de pensão ou para os hedge funds, por exemplo, mas os ‘tóxicos’, pela dificuldade de serem passados adiante, geraram a criação dos SIVs”, lembra Cintra, referindo-se às Empresas de Investimentos Estruturados, ou Structured Investment Vehicles. Tais empresas jogavam esses papéis podres em off shores e emitiam commercial papers que voltavam limpos para as instituições norte-americanas. “Era um Midas clássico: transformava lixo em ouro”, brincou Cintra.
Dentro dos CDO’s, estavam três tipos de dívidas: hedge (englobam dívidas de investidores e consumidores que têm condições de honrá-las), speculative (hipotecas pelas quais os consumidores, por não disporem de renda suficiente, pagam apenas os juros, deixando as amortizações de lado) e as de tipo ponzi (para aqueles que não tinham condições de honrar com nenhum dos compromissos e por isso, eram os de maior risco). “Quando o mercado estava bem, as hipotecas viraram um fenômeno de massas”, lembra o professor. Porém, com o tempo “o sistema bancário foi contaminado porque o mercado de commercial papers travou a partir de junho de 2007 e todo o papel podre que os bancos passaram adiante voltou para eles”, explicou.
Para lidar com o impacto da crise, o Banco Central e o Tesouro dos Estados Unidos usaram o equivalente a 13% do PIB do país para salvar o sistema. “Apesar disso, o país vai se recuperar porque o ciclo da economia real deve, em breve, voltar a esquentar”, disse. E polemizou: “a crise é profunda sim, mas a capacidade de recuperação deles também é grande”. Para ele, mesmo com a desvalorização da moeda americana, “não há crise do dólar ou do padrão monetário, afinal, o dólar é a moeda de reserva do mundo”. Por fim, colocou que “não dá para dizer, ainda, que é a crise terminal do capitalismo”.
Comentando a apresentação, Lécio Moraes destacou que “é preciso que se considere que existe um casamento entre o Estado e o capital para que o capitalismo continue funcionando”. O sistema “depende do lastreamento advindo dos títulos da dívida pública”.
Ele lembrou ainda que desde a década de 1970, o dólar deixou de ter um lastro concreto. “A moeda flutua por sua própria essência” e sua garantia está no fato de ser comprada e vendida em todo o mundo. “Isso acontece por uma decisão racional dos Estados Unidos”, concluiu. De maneira geral, ficou claro que a crise atual suscita análises variadas, mas não permite previsões sobre o futuro da economia mundial. “Setores estratégicos como o de tecnologia têm nos EUA sua principal base. Fatores como este mostram que não é possível dizer que a economia norte-americana é decadente”, finalizou Marcos Cintra.
De São Paulo, Priscila Lobregatte
Fonte: Portal Vermelho