Seminário sobre a crise: a opinião da Rede Ipes/Corint
Além de PT, PCdoB, Fundação Maurício Grabois e Fundação Perseu Abramo, mais uma entidade de peso promoveu, em 20 e 21 junho , o “Seminário Internacional sobre a Crise Mundial”. Trata-se do Ipes/Corint (Instituto de Estudos Sociais e Políticos — Correspondências Internacionais). Em entrevista exclusiva, o francês Patrick Theuret, um dos diretores dessa rede, conta a história da Ipes/Corint e faz um balanço do seminário, que reuniu cerca de 300 pessoas em São Paulo.
Além de PT, PCdoB, Fundação Maurício Grabois e Fundação Perseu Abramo, mais uma entidade de peso promoveu, em 20 e 21 junho , o “Seminário Internacional sobre a Crise Mundial”. Trata-se do Ipes/Corint (Instituto de Estudos Sociais e Políticos — Correspondências Internacionais). Em entrevista exclusiva, o francês Patrick Theuret, um dos diretores dessa rede, conta a história da Ipes/Corint e faz um balanço do seminário, que reuniu cerca de 300 pessoas em São Paulo. Confira.
Qual é a origem da rede Ipes/Corint? Quais propósitos motivaram seu nascimento e sua atuação?
O Instituto de Estudos Sociais e Políticos — Correspondências Internacionais nasceu em Paris, em 17 de outubro de 1998, com o objetivo de elaborar um trabalho internacional de reflexão e análise, científico, comprometido, com debates abertos e funcionamento independente.
As atividades fundamentais que se desenvolveram até então foram: publicar uma revista em cinco idiomas (inglês, espanhol, português, francês e árabe); organizar conjuntamente ou integrar debates públicos ligados a fóruns internacionais, jornais e revistas de diversos países, principalmente com uma série em torno do tema "Que socialismo no século 21?"; participar de congressos, conferências e viagens de estudo nos quatro continentes, etc. Esse trabalho se assenta em uma perspectiva global que descarta qualquer centrismo geográfico e tem raízes em cerca de 20 países e relações em outros 30, com dirigentes políticos e intelectuais orientados pelo marxismo, pelo anti-imperialismo.
Se queremos ser mais completos, é preciso acrescentar que esse trabalho prolonga, aprofunda e internacionaliza uma experiência prévia, iniciada em 1991, em um âmbito estritamente francês — porém com uma equipe de trabalho multinacional. Com o tempo, como ocorre de maneira bastante natural, as pessoas começaram a simplificar os nomes muitos compridos e se impôs o de Corint — o “cor”, de correspondências, junto ao “int”, de internacionais — e o colocamos assim na marca.
Como surgiu a ideia do seminário sobre a crise?
A ideia do seminário surgiu em meio às discussões que tivemos com o PT e o PCdoB, no final de 2008, concretamente com Valter Pomar e José Reinaldo Carvalho. Discussões que se expandiram rapidamente às duas fundações ligadas aos partidos, como ponto de convergência, desprendido logicamente dos próprios programas de trabalho de cada uma das entidades.
Houve uma divisão do trabalho, e a nossa contribuição foi basicamente a de nos encarregarmos dos convidados não-latino-americanos e, posteriormente, em continuidade a esse trabalho, nosso compromisso consistia em publicar os resultados desse seminário, acrescentando outras contribuições que não puderam estar presentes naquele acontecimento — e fazer isso em diversos idiomas do mundo, em forma de livros, para tocar mais pessoas.
Para nós, isso supõe também uma nova fase, um salto qualitativo baseado em um novo método de trabalho que vamos perseguir no futuro: fomentar a cada ano um grande seminário internacional, sobre um tema especial, organizado basicamente por entidades nacionais às quais damos nosso apoio e cujos resultados também divulgaremos.
Qual o balanço que a Ipes/Corint faz do seminário?
O sentimento de satisfação domina totalmente. Primeiro, o tema tocou indubitavelmente a maior preocupação mundial deste momento. Mas a análise rigorosa que foi feita, de distintos pontos de vista, por numerosos oradores, aponta diretamente para as raízes profundas do sistema capitalista, traçando já as alternativas socialistas que ainda estão para serem definidas e terem seus caminho abertos.
Em segundo lugar, é preciso destacar a qualidade e diversidade dos oradores, intelectuais e dirigentes políticos do Brasil, evidentemente, incluindo Marco Aurélio Garcia (vice-presidente do PT), Renato Rabelo (presidente do PCdoB) e Roberto Amaral (vice-presidente do PSB) — mas também de Argentina, Cuba, África do Sul, Índia, Vietnã, Peru, Hungria, Paraguai e Portugal.
Em terceiro lugar, notamos que o auditório ficou cheio, com 300 pessoas, algumas de pé, cuja imensa maioria manteve presença assídua e participativa (mediante um sistema de perguntas escritas), do início ao fim do seminário. Se, naturalmente, os brasileiros constituíam a maioria, era possível observar, pelos crachás, a participação dos delegados da Espanha, França, Mauritânia, Estados Unidos, Itália, China, Polônia, Alemanha, Grécia, Colômbia.
O que fazer com o legado desse seminário? Quais são os planos da rede?
Estamos já empenhados na tarefa de divulgar este seminário em todo o mundo, enquanto, ao mesmo tempo, lançamos o do próximo ano. A África do Sul será o país que acolherá em 2010 o próximo encontro. Com esta finalidade, fizemos uma reunião do Corint, na segunda-feira (22), sob os auspícios do PCdoB, em sua sede, com presença de cerca de dez países de todos os continentes.
Ficou confirmada, então, a publicação do livro sobre a crise mundial em vários idiomas, em acordo com as distintas casas editoriais presentes; a construção de um site multiligue; o lançamento de atividades descentralizadas e diferentes em um dezena de países. Para assegurar todas aquelas tarefas, constituiu-se um comitê de coordenação, com pessoas de uma dezena de países, entre os quais Brasil, Argentina, África do Sul, Mauritânia, Índia e alguns países europeus, tanto do oeste quanto do leste.
De São Paulo,
André Cintra