PCdoB propõe unir a esquerda em torno de projeto para o Brasil
Os partidos progressistas que estiveram nesta terça-feira (1o) no evento na Câmara dos Deputados, em Brasília, promovido pelo PCdoB, foram unânimes na defesa de um projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil no período pós-Lula e da unidade entre eles para aplicação desse projeto. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, apresentou a proposta do seu Partido, que será debatido no 12o Congresso Nacional da legenda, em novembro próximo, em São Paulo. Para Renato Rabelo, discutem-se muito as candidaturas – no Brasil se discute nomes -, mas não discute o projeto. A grande discussão deve ser sobre o projeto. E a maior preocupação é como dar continuidade ao projeto de desenvolvimento do país iniciado pelo Governo Lula e elevar a nível superior pós-Lula.
Os partidos progressistas que estiveram nesta terça-feira (1o) no evento na Câmara dos Deputados, em Brasília, promovido pelo PCdoB, foram unânimes na defesa de um projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil no período pós-Lula e da unidade entre eles para aplicação desse projeto. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, apresentou a proposta do seu Partido, que será debatido no 12o Congresso Nacional da legenda, em novembro próximo, em São Paulo.
Para Renato Rabelo, discutem-se muito as candidaturas – no Brasil se discute nomes -, mas não discute o projeto. A grande discussão deve ser sobre o projeto. E a maior preocupação é como dar continuidade ao projeto de desenvolvimento do país iniciado pelo Governo Lula e elevar a nível superior pós-Lula.
Ele queixou-se da falta da reforma política, uma das falhas do período do Governo Lula, que garantiria a discussão de projetos ao invés de trabalhar com nomes e projeto individuais.
Caminho aberto
“Na nossa opinião, a vitória de Lula abre caminho para isso, para a retomada do desenvolvimento”, afirmou o dirigente comunista, enumerando quatro grandes fundamentos como base da proposta do PCdoB: soberania, democratização da sociedade, avanços no terreno social e integração solidária da América do Sul.
O caráter do projeto, segundo explicou Renato Rabelo, é combater o setor rentista-financeiro – romper com a lógica de dinheiro ganhar dinheiro sem passar pela produção, o que representa desvio de recursos do processo produtivo. Dar força a produção e ao trabalho para repor lógica que possa conduzir ao desenvolvimento acentuado do País.
Os investimentos devem se basear nas forças internas, sem dependência de grandes potências e grandes grupos econômicos. O projeto também defende o fim das grandes propriedades de terra, eliminando a questão do latifúndio. As grandes extensões de terras brasileiras modernizadas terão papel produtivo ainda maior.
Brasil precisa de grau de investimento maior do que o atual para acompanhar a economia dos países desenvolvidos. A meta é alcançar 25% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, 19% do PIB está sendo aplicado em investimentos. Renato rabelo destacou o pólo público bancário (Banco do Brasil, caixa Econômica, BNDES) como instrumento importante para investimento – com crédito abundante e barato, fundamental para o nosso desenvolvimento.
Entusiasmo dos aliados
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, recebeu com entusiasmo a proposta do PCdoB. Ele disse que o evento deveria servir de reflexão ao campo da esquerda para a necessidade de união – imperativo da luta político-social – em torno de um projeto nacional de desenvolvimento para se contrapor a união da direita, que está feita no império da mídia e na oposição ao governo Lula.
“Nós da esquerda temos uma dívida com a nação e com nossa história, que o PCdoB começa a saldar e nós queremos pagar juntos essa conta”, afirmou Amaral, enfatizando a responsabilidade de aprofundar o projeto iniciado pelo Governo Lula, sem ilusões com a elite e o monopólio da informação. “Nunca foi tão importante para esse país a unidade dos partidos progressistas de esquerda.”
O deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT, lembrou a identidade programática muito grande entre os dois partidos – PT e PCdoB – e que estiveram juntos em muitas caminhadas e lutas populares. A exemplo dos demais oradores, ele admite que o Brasil ainda precisa de muitas reformas. “(O Brasil) encontrou o caminho, mas ainda está no começo. O desafio de 2010 é não interromper esse caminho. Os partidos aqui devem ter esse compromisso. Não fazer mais do mesmo”, disse, concordando com as propostas apresentadas por Renato rabelo.
Modelo de socialismo
Todos os demais oradores concordaram com a discussão de propostas para o desenvolvimento do País. O deputado Vieira da Cunha (RS), presidente do PDT, disse que as palavras de Renato Rabelo contém muitas lições que ouviu de Leonel Brizola, inclusive sobre um modelo brasileiro de socialismo – o “socialismo moreno” de Brizola -, de acordo com a vocação do povo do Brasil.
Os outros dois convidados deputado Uldurico Pinto (BA), representando o PMN, e Kleber Verde (MA), líder do PRB na Câmara, destacaram os dados que apontam uma nova realidade para o Brasil nos próximos anos, que deve ser levada em conta na elaboração de um projeto de desenvolvimento. Segundo dados do IPEA, em 20 anos, a população brasileira vai diminuir, envelhecer e 94% dela vai morar nas cidades.
“Esse é um desafio do governo, construir mudanças estratégicas para essa realidade. Construir hoje o futuro dos nossos filhos com desenvolvimento sustentável”, disse o líder do PRB, acrescentando que é preciso desenvolver “um modo de produção inclusivo e limpo para fazer frente à crise econômica, que demostrou que o capitalismo e a ganância das forças do mercado só criam equilíbrio destrutivo.”
Programa avançado
O líder do Partido na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), abriu o evento lembrando que o objetivo é trazer para o Parlamento o debate sobre documentos que fazem parte das discussões que o Partido realiza em torno do 12º Congresso, que acontecerá entre 5 e 8 de novembro.
O ex-deputado Aldo Arantes, encerrou o evento, destacando que o PCdoB e Instituto Maurício Grabois (IMG) acreditam que nenhuma força política isoladamente vai dar resposta aos problemas complexos do Brasil. O que tem levado o Partido a uma articulação com outros partidos para adensar a esquerda e que implica em uma grande união nacional.
Ele repetiu o que disse Renato Rabelo de que não há fórmula para a construção do socialismo – objetivo dos partidos de esquerda. “O rumo é o socialismo, mas o caminho é o NPDN, para superar problemas estruturais”, afirmou Arantes.
Ele adiantou que, para o enfrentamento das eleições de 2010, “nós temos instrumento importante que é a autoridade política e teórica de crítica ao neoliberalismo para colocá-los (a direita) na defensiva, mas precisamos de um programa mais avançado e que unifique as forças do campo progressista. “Um programa para politizar a campanha eleitoral e mobilizar o povo brasileiro”, concluiu.
De Brasília
Márcia Xavier
Fonte: Portal Vermelho