China, o aluno nota 10 de Keynes
Por Laura Britt
Por Laura Britt , no Monitor Mercantil
Nos últimos dias a imprensa internacional reproduziu três, extremamente, importantes notícias sobre a China: A primeira dizia que a China não considera mais a Europa como um sério player geopolítico, a segunda que Krugman considera que a China está minando com sua política cambial a recuperação mundial e a terceira que "o mencionado gigante asiático fechará este ano com ritmo de crescimento econômico de 8,9%".
A China, então, revela-se protagonista da nova época e um parceiro "diferente" dos EUA no jogo mundial de xadrez (trata-se, obviamente, de um G2 separado) e é a potência, ao que tudo indica, que sairá em primeiro lugar do abalo causado pela crise internacional, o que significa que, doravante, ditará condições e definirá evoluções.
Em outras palavras, a China é o grande vencedor da última profunda crise. O mundo inteiro já sabe que a crise derruba potências, reforma equilíbrios, libera e expulsa novos players, assim como, por outro lado reavalia – para baixo – e destrói impérios inteiros.
Isto, obviamente, não se manifesta, automaticamente, mas, gradualmente, com a redistribuição da riqueza partindo do setor privado (ou nacional) e transferindo os centros do poder econômico rumo a uma única direção e no final tudo isso traduz-se em força política (geopolitica).
Acompanhando as evoluções e a estratégia que desdobrou o país de 1,4 bilhão de habitantes, chega-se à conclusão que a China constitui o mais impressionante exemplo, o qual conforma o cânone acima. E é isso que comprovam as três notícias mencionadas no início.
No momento em que a crise internacional agrediu, mortalmente, todas as economias e todos os continentes, no momento em que a Europa está procurando um bússola para conformar uma política e enquanto a "máquina" norte-americana permanece "sem partida", a China apresenta um novo acelerado boom, o qual pode – cedo ou tarde – abastecer o sistema inteiro.
A questão é, simplesmente, quando e de que forma a China conseguirá gerenciar sua terrível liquidez, evitando assim a criação de novas bolhas, e quando e de que forma conseguirá superar o colossal problema da injusta distribuição de renda que continua ostentando.
Quanto ao resto, o caminho da superioridade estratégica está aberto, escancarado. Quando os países do Ocidente tentavam coordenar suas políticas fiscais para salvarem o sistema da derrocada, os chineses avançaram, imediatamente, promovendo terríveis intervenções em busca do crescimento.
Atiraram bilhões de dólares na criação de novos postos de trabalho e não para perdoar dívidas de bancos ou para o consumo e promoveram uma verdadeira orgia de investimentos em infra-estrutura, mostrando que eles são os alunos nota 10 de John Maynard Keynes e, agora, estão colhendo os frutos.
Caracteristicamente, os chineses lançaram 15% de seu Produto Interno Bruto (PIB) ao mercado interno, além dos baratos assets que compraram no exterior, criando assim uma impressionante vantagem. Enquanto isso, os "empoados" líderes europeus continuam disputando cargos na "imaginária" estrutura governamental da União Européia, indiferentes às mazelas que assolam seus países.