Dois dias mais tarde, o ministro de Relações Exteriores da China, Yiang Zietsi, declarou, na Conferência Anual de Segurança, enterrando a antiga doutrina do líder da China pós-Mao Deng Xiaoping, segundo a qual, “a China deverá manter perfil baixo em temas internacionais e jamais disputar papel de liderança”.

Esclarecendo a crescente autoconfiança de uma China que disputa ficar em nível de igualdade contra os EUA no cenário mundial, Yiang prosseguiu: “Somos 1/5 da humanidade. Digo isso com humildade, mas creio que a China merece ser ouvida quando é formulada a pergunta “de que forma deve ser gerenciado o mundo?”.

O cenário do enfrentamento já está montado. No campo econômico, a decisão de Obama de aplicar sanções protecionistas sobre os pneus chineses foi o primeiro ato da não declarada guerra comercial.

Seguiram-se a venda de importantes sistemas de armas, totalizando o valor da venda em US$ 6,3 bilhões, dos EUA para Taiwan – a separatista região chinesa, considerada pelo Governo de Beijing como parte inseparável da China – e o encontro de Obama com Dalai-Lama.

Front do Pacífico

O presidente Franklin Roosevelt atribuiu aos EUA o status de superpotência em sua luta contra a “ameaça do Eixo”. Seus sucessores blindaram este status durante a queda-de-braço contra a “ameaça vermelha”.

O junior George Bush minou a hegemonia norte-americana com sua tentativa fracassada de usar a “ameaça verde” do combatente Islã como álibi para declarar o planeta Terra em situação permanente de emergência. Será que o Obama tentará a recuperação da hegemonia norte-americana durante a prolongada queda-de-braço contra a “ameaça amarela” da emergente China?

Se as forças básicas da competição econômica predominarão em nível geopolítico, a razão estará com o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, o qual, há um século, disse: “Nossa história será definida mais pela nossa posição futura no Pacífico contra a China, do que aquela no Atlântico contra a Europa”.

Seguramente, apesar de galopante, mas, repleta de antíteses explosivas ascensão da China, sua distância dos EUA é e permanecerá, provavelmente, grande em futuro próximo.

“A principal fonte de preocupação não é que a China cresceu tanto a ponto de não caber mais nos seus sapatos de ontem, mas que os EUA se decepcionam vendo seus sapatos ficando pequenos”.

Os norte-americanos não deveriam olhar para a China como se ela fosse uma segunda União Soviética. É um adversário muito mais perigoso, com arma principal não o poderio militar, mas o dinamismo econômico, e com “carta” diplomática básica não amedrontar ninguém com ameaça de guerra, mas com grande paciência.

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Fonte: Monitor Mercantil