O documento Seeing energy differently prevê uma mudança na relação entre consumidores e prestadores de serviços, com a entrada de tecnologias que vão além das redes inteligentes (smart grids), envolvendo toda cadeia energética.

A modernização pode parecer um movimento inexorável com crescentes e expressivos avanços tecnológicos, mas, segundo o relatório, a tecnologia deverá ser associada a questões sobre sustentabilidade, que atualmente estão no foco das atenções das empresas. Dentre essas preocupações, estão o desafio de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis; ampliar a eficiência energética; atender uma demanda crescente por energia com recursos escassos e, aumentar o acesso à energia de acordo com as agendas nacionais.

Embora muitos movimentos de mudança de atuação de uma indústria sejam normalmente lentos, o documento alerta que as empresas deverão ter agilidade para aproveitar e colher mais rendimentos em um novo cenário que se avizinha.

O relatório aponta que essas mudanças estão em fase de adaptação em todos os aspectos, principalmente em relação aos grupos de interesse do mercado de energia.

Os argumentos só reforçam o que demais pesquisadores e empresas já vêm apontando há algum tempo. Recentemente, a IBM também produziu um estudo sobre o setor, onde apontou mudanças nas relações comerciais do setor energético, impulsionadas pela inserção do tema ambiental, redes inteligentes.

Setor inteligente

O documento se refere ao desenvolvimento de sistemas inteligentes em três diferentes níveis. O primeiro diz respeito ao smart grid, que envolve os processos de geração, transmissão e distribuição; os smart meter, que são os sistemas de medição inteligentes, e as smart applicances, aplicações inteligentes para o varejo e o consumidor final.

Essas mudanças tecnológicas devem favorecer o fluxo e o uso das informações, migrando para um cenário de incorporação das redes de telecomunicações e tecnologia da informação aos sistemas de transmissão e distribuição de energia. Os resultados serão refletidos em novas oportunidades de negócios para toda a cadeia. Na produção de energia, as redes inovadoras vão acomodar energia renovável de forma mais simples. Já na distribuição, irá permitir um maior gerenciamento da demanda e da energia ofertada.

Os métodos inovadores podem impactar o consumo de diferentes formas. Por um lado, os clientes vão poder gerenciar o consumo, por meio de sistemas de medição inteligentes, além de poder optar sobre qual modalidade de geração de energia deseja usar. Para alicerçar essa mudança, novos serviços de internet devem ser criados, movimento também o setor de Tecnologia da Informação.

Sozinha, a tecnologia pode não conseguir se estabelecer ou trazer os benefícios ao setor. Na avaliação do sócio da área de assessoria da Ernst & Young, José Ricardo Oliveira, a transformação deve ser acompanhada por políticas públicas específicas, que envolva aspectos regulatórios econômicos e financeiros. “Estes novos players terão de aprender com esta mudança radical para atuar em outros setores também”, diz o executivo.

No Brasil diversas distribuidoras estão pesquisando o tema e já contam com alguns projetos pilotos em andamento. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, vem investido em inovações para o aperfeiçoamento do serviço de distribuição. Essa nova modalidade de prestação de serviços ainda está sendo avaliada pelo governo federal. O Ministério de Minas e Energia criou um grupo de trabalho para avaliar a inserção da modalidade e a regulamentação do serviço, trabalho que envolve diferentes linhas de estudo, como acesso ao crédito para a compra de equipamentos.

As tecnologias inteligentes vão gerar inúmeras oportunidades de negócios aos fornecedores e prestadoras de serviços nas áreas de energia, telecomunicações e tecnologia da informação. Além destes, grandes varejistas, empresas de telecomunicações e automotivas estão se posicionando estrategicamente para atuar de maneira inovadora nas rápidas mudanças em curso no setor.

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Fonte: Portal Luis Nassif