Por que não? Se o Obama (presidente dos Estados Unidos) ganhou com uma ação de retórica, Lula pode, sim, ser um candidato disse Braga.

Lula, segundo ela, ocupou um vácuo nas relações internacionais. É a mesma opinião de outro cientista político, Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB).

Se o acordo se concretizar, essa será a maior vitória da história da diplomacia brasileira. Lula ganhará o Nobel de 2011 prevê Barreto, para quem o Brasil, recém chegado na arena internacional, já fez sua parte.

Maria do Socorro Braga diz ainda que o presidente tornou o Brasil protagonista de um evento internacional de grande envergadura, intermediando uma negociação que parecia impossível entre o Irã e as grandes potências representadas na ONU. Agora, segundo ela, há um caminho aberto para a construção de uma proposta consensual que pode ser confirmada pela ONU e sua Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Campanha fortalecida

A professora diz que o ato não foi uma ação isolada e que o Brasil, pela capacidade de dialogar, vem ocupando um papel relevante como negociador de acordos pela democracia. A vitória da diplomacia, segundo a cientista, fortalece a imagem de Lula e reflete positivamente na candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff à Presidência. Barreto acha que Dilma já está capitalizando o sucesso da imagem internacional de Lula e aponta um dado interessante:

Pela primeira vez na história do país, a política externa vai interferir na política doméstica, influenciando nas eleições prevê.

Segundo Barreto, essa relação era um traço da política americana, onde o eleitor sempre votou pelas propostas internas e externas dos candidatos. O elogio de Obama, dizendo que Lula é o cara, as ações a diplomacia brasileira nas crise de Honduras e, sobretudo, na tragédia do Haiti, na avaliação de Barreto, também entrarão na campanha eleitoral.

Indagada segunda-feira sobre o acordo, Dilma disse que foi uma vitória da diplomacia brasileira e da política externa do governo Lula, onde o diálogo substituiu as tentativas de multas ou penalidades.

Ele (Lula) criou na América Latina um outro ambiente. A mesma coisa fez em relação à África e agora marca um gol em relação ao Oriente Médio disse a ex-ministra, afirmando que Lula deixa marca fortíssima no cenário internacional.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o presidente usou a seu favor o fato de o Brasil ter uma índole pacífica e, ao mesmo tempo, abrigar colônias de povos que se digladiam em outras regiões, como árabes e palestinos:

Lula teve uma intuição forte. Avaliou que teria condições de propor que o Irã desse um passo para desanuviar o ambiente bélico e acertou.

Tucanos

Já a oposição vê com ceticismo a conclusão do acordo, mas reconhece que Lula e o governo brasileiro deram um passo importante. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, avalia com cautela.

Sem dúvida, houve um avanço, mas é preciso aguardar por causa dos antecedentes do Irã, que já aceitou acordos anteriores e depois recuou disse o senador, que reconhece o esforço do governo brasileiro. Lula teve um papel importante nesse episódio junto com o primeiro ministro da Turquia.

O deputado Renato Amary (PSDB-SP), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, acha que o Brasil liderou um avanço nas negociações, mas que ainda não há um acordo que afaste a possibilidade de o Irã construir armas atômicas.

No Rio, durante o Fórum Nacional, o presidente da República em exercício, José Alencar, também saudou a ação de Lula no Irã:

O presidente trabalhou brilhantemente nessa questão. Foi uma grande vitória, o presidente trabalhou pela paz afirmou Alencar.

No mesmo evento, o senador Arthur Virgílio (PSDB/AM) fez coro:

Quero parabenizar pelo acordo, louvo esse gesto do presidente de buscar a paz.

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Colaborou Flávia Salme

Fonte: Jornal do Brasil