Enquanto o desemprego continua a alastrar, sendo acompanhado de uma ofensiva sem precedentes contra os salários, pensões e direitos sociais, as grandes fortunas (activos sob gestão) progridem alegremente em todo o mundo, onde se contabilizaram 11,2 milhões de multimilionários em 2009, ou seja, mais 14 por cento do que no ano anterior.

Segundo o estudo publicado dia 10 pelo Boston Consulting Group (BCG), a riqueza em mãos privadas atingiu no ano passado 111 biliões e 500 mil milhões de dólares (92 biliões 174 mil milhões de euros), o que representa um aumento de 11,5 por cento em relação a 2008, que havia sido marcado por uma quebra de dez por cento.

Deste modo, as grandes fortunas recuperaram rapidamente dos efeitos da crise financeira, tendo voltado aos níveis de 2007. O crescimento mais espectacular foi observado na região Ásia Pacífico (excluindo o Japão), onde as fortunas pessoais aumentaram 22 por cento para um total de três biliões e 100 mil milhões de dólares. Seguiram-se os Estados Unidos, com um aumento de 15 por cento e um total de 35 biliões e 100 mil milhões de dólares. O continente europeu manteve-se como a região com maior concentração de riqueza, num total de 37 biliões e 100 mil milhões de dólares, montante que, segundo o BCG, ultrapassa o nível anterior à crise.

E os afortunados não têm que recear pelo futuro, já que os autores do estudo garantem que a acumulação de riqueza irá continuar a progredir até 2014 a um ritmo médio de seis por cento ao ano, isto é, menos do que no ano passado, mas acima da taxa média (4,8%) registada entre 2004 e 2009.

O restrito clube dos multimilionários aumentou 14 por cento em 2009, sobretudo graças às novas fortunas asiáticas, elevando-se para um total de 11,2 milhões de indivíduos, que apesar de constituírem apenas menos de um por cento da população mundial são detentores de 38 por cento da riqueza global, ou seja, mais dois por cento do que no ano anterior.

Mas se se restringir o círculo às fortunas superiores a cinco milhões de dólares verifica-se que estão nas mãos de apenas 0,1 por cento da população mundial, embora representem 21 por cento dos activos do planeta, ou seja, mais dois por cento do que em 2008.

De tudo isto resulta com clareza que não é por falta de capitais que o mundo ocidental mergulhou na sua mais profunda crise, mas sim porque quem os detém procura remunerações que a esfera produtiva não pode oferecer devido à redução da procura solvente provocada por décadas de asfixia do poder de compra dos trabalhadores.

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Fonte: jornal Avante!