Código Florestal, brasilidade e soberania nacional
Primeiro ao enfrentar, no plano conceitual, duas questões de enorme relevância. A primeira diz respeito à relação íntima entre agricultura e formação social brasileira, entre o campo e a brasilidade – tema tão bem explorado, originalmente, na maior obra da sociologia brasileira, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
A segunda questão conceitual enfrentada com brilhantismo pelo texto são as idéias retrogradas de Thomas Malthus e da corrente neomauthusiana. Anacrônicas, tais teses seguem influenciando numerosas parcelas da esquerda brasileira e latino-americana, sendo intensamente propagada por intelectuais e centros de estudos de países centrais. Um exemplo atualíssimo: no debate latino-americano sobre socialismo do século XXI, junto com ideias que aportam à renovação do pensamento marxista, aparecem como novas velhas ideias já desmascaradas inclusive pelo próprio Marx. Reaparecem ideias típicas das correntes utópicas do socialismo em flerte direto com teses mauthusianas. É o caso de proposições que se opõem diretamente, sem meias palavras, à centralidade do desenvolvimento no caso latino-americano – como se pudesse haver transição ao socialismo sem multiplicação da base material. Esse é um exemplo de um dos temas mais candentes para a nova luta pelo socialismo e que Aldo, sem dúvida, ajuda a enfrentar.
Quanto a temas contemporâneos, o parecer de Aldo – versando sobre o contexto e a moldura do debate sobre o Código Florestal – aponta três riscos e ameaças ao Brasil: a “guerra comercial” contra a agricultura brasileira, visando a conter a expansão de nossa fronteira agrícola; as pressões ideológicas por trás do debate sobre as mudanças climáticas, e, finalmente, as visões santuaristas sobre a Amazônia, que se opõem à sua incorporação definitiva ao território nacional – uma das grandes tarefas pendentes dos brasileiros neste início de século XXI.
A reação ao protagonismo brasileiro no cenário internacional se intensificará no próximo período. Além dos temas citados por Aldo, é longa a lista de riscos e ameaças ao Brasil. Exemplo fresco foi a enorme reação à Declaração de Teerã e todos os riscos presentes no debate sobre o Tratado de Não-Proliferação de armas nucleares (TNP), com ameaças de contenção do direito ao uso de tecnologia nuclear com fins de produção de energia pelos países em desenvolvimento.
De conjunto, são temas agudos de nossa questão nacional: como realizar as imensas potencialidades de nossa grande nação. Por isso mesmo, são temas que geram histeria na corrente cosmopolita radical, com intensa atuação na sociedade brasileira atual, com ramificações à direita e à "esquerda”. Não por acaso, está no alvo destes setores o parecer do camarada Aldo Rebelo. Que as forças vivas da nacionalidade enfrentem com determinação essa crucial luta de ideias.