O temor é que o carro elétrico poderá ser um competidor sério do flex-fue – o motor que aceita álcool ou gasolina. Um caminho competitivo seria o desenvolvimento de um motor que incorporasse também a eletricidade entre as opções.

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Ainda não há muito detalhes do projeto do MCT. Mas algum tempo atrás circulou um estudo audacioso, propondo a criação de uma indústria automobilística brasileira. Os autores são Gustavo Antonio Galvão dos Santos, Bruno Galvão dos Santos (economistas do BNDES). Rodrigo Medeiros (Projetos adjunto de Engenharia da Universidade Federal do Espírito Santo) e Roberto Pereira D’Araujo, engenheiro eletricista.

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O trabalho analisa, inicialmente, a importância da cadeia produtiva do automóvel. Passa por setores como a metal-mecânica, química e eletrônica, que respondem por 70% das inovações e das exportações mundiais de manufaturas.

Mostra que a migração da indústria tradicional mundial para a China ameaça desorganizar a prosperidade de economias como do Japão e da Europa. O carro elétrico seria uma maneira de proteger essas indústrias, especialmente devido às restrições ambientais cada vez maiores.

Por outro lado, cria riscos à economia do etanol.

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O trabalho lembra que a estatização da General Motors pelo governo americano rompeu com paradigmas anteriores, que vetavam qualquer participação estatal no setor. O trabalho busca deixar de lado questões ideológicas para analisar a motivação do governo dos EUA.

E chega-se à importância do setor automobilístico na inovação, no consumo e nas exportações nacionais. Foi o que levou o governo Obama a fazer o possível para garantir sua sobrevivência e o controle nacional. Por que não foi feito o mesmo com outros setores, que praticamente desapareceram dos EUA, como o têxtil? Justamente pelo peso que representa no setor metal-mecânico – que responde entre 55% e 75% – das exportações dos países desenvolvidos e dos tigres asiáticos.

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O carro elétrico será fundamental para viabilizar a indústria automoibilística de baixo carbono. “Na mobilidade o carro elétrico é solução perfeita, pois tem zero de emissão direta e aproveita as fontes alternativas de geração elétrica. Além disso, ela é também a mais eficiente em termos energéticos, pois o carro elétrico se reabastece na frenagem, na descida e não gasta energia em ponto morto”, diz o trabalho.

Os efeitos sobre a cadeia produtiva seriam grandes: “A outra prejudicada será nossa cadeia metal-mecânica, muito concentrada na cadeia automobilística tradicional. O carro elétrico tem menos peças mecânicas e utiliza menos aço, aços especiais, ferro-ligas, ferro-gusa, serviços de fundição, forja e usinagem. Em todos esses setores o Brasil é altamente competitivo e exportador.”

A proposta seria a criação de um campeão nacional para explorar o setor.

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Fonte: Luis Nassif Online