Krugman diz que EUA devem adoptar medidas fiscais e monetárias
Os Estados Unidos devem apoiar a economia durante a crise e preterir o reequilíbrio orçamental para de depois da crise, de forma a estimular o mercado de trabalho e impedir a maior economia do mundo de regressar a uma recessão.
“Estamos a olhar para aquilo que pode ser um longo cerco à economia”, disse Krugman à Bloomberg em entrevista dada na Universidade de Princeton, onde lecciona. “Estamos mesmo numa fase em que temos de adoptar uma estratégia de” mãos à obra. Devíamos estar a aplicar todas as ferramentas ao nosso dispor para evitar uma recaída, disse.
Numa altura em que os países europeus, desde a Alemanha ao Sul da Europa, estão a aplicar cortes orçamentais, Krugman defende que os Estados Unidos devem reforçar a aplicação de estímulos à economia, para evitar uma “década perdida” como a que se verificou no Japão.
“Uma das coisas mais eficazes que se pode fazer, em termos de efeito conseguido por cada dólar aplicado, é o governo contratar pessoas directamente”, disse. “Estamos metidos num problema a sério e temos de agir de forma não convencional para sair dele”, acrescentou.
Krugman disse que muitos políticos e comentadores norte-americanos estão demasiado preocupados com o risco de o défice originar uma crise de confiança como a que ocorreu na Europa. Por isso poderá não se atingir um consenso que aponte para a aplicação de estímulos de curto-prazo, enquanto de decidem medidas de longo-prazo que per
Preocupa-me a nossa capacidade de chegar a um consenso para aplicar medidas bastante simples e necessárias para equilibrarmos os nosso balanço no longo-prazo.
mitirão reduzir a despesa no longo prazo.
“Estou preocupado com a política”, disse Krugman. “Preocupa-me a nossa capacidade de chegar a um consenso para aplicar medidas bastante simples e necessárias para equilibrarmos os nosso balanço no longo-prazo”.
É que o défice externo previsto para os próximos dez anos pode ser controlado com “uma combinação de subidas modestas dos impostos e cortes da despesa razoáveis”, em particular na indústria da saúde. É “extremamente improvável” que os Estados Unidos não cumpram a sua dívida soberana, segundo o Krugman.
“Desconheço qualquer exemplo de um país que teve dificuldades fiscais por ter entrado num programa de estímulos de que não conseguiu sair”, avançou o especialista. “Se se quer a sério prosseguir a responsabilidade fiscal, não se deve dizer ‘vamos poupar em ajudas à economia durante a crise financeira’”.
O economista antecipa que os EUA vão ter um mercado de trabalho “que está piorar e não a melhorar”. Isto porque apesar de prever um crescimento de 1% para a economia no mesmo período, o desenvolvimento do mercado de trabalho dar-se-á abaixo do ritmo a que cresce a população.
Os problemas de emprego vão penalizar o consumo, que conta para cerca de 70% da maior
Estamos, creio eu, a deslizar para uma situação onde é provável que tenhamos vários anos maus pela frente.
economia do mundo, ao mesmo tempo que a retoma mundial enfrenta risco provenientes da Europa e de um crescimento mais lento na China.
“Dado o que vejo na política, as probabilidades de evitarmos um longo período muito mau estão contra nós”.
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Fonte: Jornal de Negócios